por Sandra Vasques
"Ele acha que posso ajudá-lo. O que devo fazer?"
Resposta: Primeiro é preciso verificar se seu marido realmente tem compulsão sexual. Como ele sabe que é compulsivo? Já foi a um psicólogo ou psiquiatra? Se já foi e obteve esse diagnóstico, você até poderá ajudá-lo também, mas não sem a assistência desses profissionais. Isso porque quem realmente tem compulsão sexual, não consegue controlar seus impulsos e/ou seus pensamentos em relação ao sexo, e precisa de ajuda médica, psicológica e medicamentosa, para conseguir. E mais, considera-se que essa pessoa sofre, em função da culpa e arrependimento que se sucede ao momento de alívio e prazer da prática sexual; além de levar as pessoas com as quais convive, como o cônjuge, ao sofrimento também, em função das consequências. Consequências que podemos citar, dentre outras: desde um isolamento social, dos amigos, perda do trabalho, até físicas, como doenças sexualmente transmissíveis, exposição a riscos graves que podem ameaçar até a vida.
Quando, na primeira frase, questionei sobre o diagnóstico de compulsão sexual, é que é preciso ter muito cuidado ao se dizer que alguém tem compulsão sexual. O fato de uma pessoa desejar mais sexo que a maioria, não quer dizer necessariamente que tem uma alteração psíquica ou neurológica. Pode ser apenas parte de seu jeito de ser. Assim, se a pessoa consegue ter uma vida saudável, em que exerce vários papéis, tem várias atividades, e consegue exercer controle sobre suas escolhas sexuais, tendo adequação para as mesmas, ele pode até transar todos os dias, ou mais de uma vez ao dia eventualmente, e não será um compulsivo.
Por outro lado, quando a pessoa não tem controle sobre suas escolhas, os pensamentos sobre sexo invadem sua mente, ocupando quase todo o espaço, e ele sofre pela falta de controle, aí sim temos um compulsivo sexual. Ainda assim, outras alterações psíquicas e neurológicas podem existir junto com esse transtorno sexual, precisando ser tratadas em conjunto. E mais, existem pessoas que não conseguem controlar seus impulsos e não tem limite moral ou ético, e muitas vezes não sentem culpa, arrependimento. Neste caso, podem impor um sofrimento grande, principalmente às pessoas que os rodeiam ou que se tornam suas vítimas, até o próprio cônjuge, que pode se ver obrigado a manter relações sexuais mesmo quando não está com vontade.
Assim, se for somente uma questão de mais apetite sexual que a maioria, seu marido poderá controlar-se sozinho e contar com sua ajuda. Vocês precisarão conversar a respeito do ritmo sexual, sobre o exercício do sexo no casamento e fora dele, selando um contrato do que um espera do outro, quais os limites e possibilidades e como um pode ajudar o outro a conseguir ter uma vida prazerosa.
No entanto, se ele realmente tem compulsão, você pode ajudá-lo:
– Estimulando-o a procurar ajuda médica e psicológica;
– Apoiando-o em seus desafios para superar essa dificuldade;
– Procurando enxergar a pessoa que existe além da doença, com sentimentos e planos de vida e procurar manter uma vida saudável;
– Mas também buscando ajuda psicológica para você. Não é fácil conviver em harmonia com alguém que tem compulsão. Assim, se você se fortalecer, além de se ajudar, também poderá apoiar com mais efetividade seu marido.