por Anette Lewin
Resposta: Terminar um relacionamento por e-mail facilita para quem dá o fora, mas dificulta para quem recebe.
Diferente do término cara a cara que, em geral é difícil para os dois… A questão, no caso, é o papel do cuidado com o outro na parceria estabelecida. Teoricamente, numa relação amorosa, o cuidado com o outro deve estar presente em todos os momentos, início, meio e fim. Mas, na era dos relacionamentos rápidos esse cuidado se concentra muito mais na conquista do que nas outras etapas.
Levar um fora sem poder expressar seus sentimentos é difícil; por mais que a pessoa, no fundo, saiba que as coisas não vão bem, poder falar, olhar nos olhos, sentir o constrangimento do outro, tentar retomar, enfim, sentir-se presente. No "fora digital" ela tem de digerir o abandono calada, pois quem termina um relacionamento por e-mail demonstra que não está a fim de compartilhar sentimentos.
Quem leva um fora num relacionamento amoroso deve sempre encará-lo como uma frustração passageira e não como o "fim do mundo". Seja por e-mail, por telefone, pelas antiquadas cartas ou pessoalmente, a pessoa abandonada sofre. E é natural que assuma esse sofrimento. Chorar, lamentar, avaliar onde errou, mesmo que sozinha, são atitudes importantes, que quando passam, fazem emergir uma pessoa pronta para novos relacionamentos.
Negar sentimentos, fazer-se de forte, estar "nem aí" são tentativas perigosas de facilitar uma situação, que podem fazer emergir uma pessoa dura, esfriada emocionalmente e bloqueada para novos vínculos.
Aquele que dá o fora digital deve refletir sobre as vantagens e desvantagens dessa atitude. Certamente é mais fácil. Mas o fácil de hoje pode ser o difícil de amanhã. A vida, em geral, coloca todo mundo em situações difíceis mais cedo ou mais tarde. Aprender a enfrentá-las cara a cara pode fortalecer a pessoa e torná-la mais articulada para futuramente não se sentir tão desconfortável. Adiar o desconforto é possível, escapar dele… jamais!
A comunicação digital, certamente, é uma conquista extremamente importante no relacionamento das pessoas. É uma opção fácil, rápida e eficaz. Mas não é a única. E talvez, nem a definitiva. Saber usá-la adequadamente e com moderação faz toda a diferença.