Minha filha de 15 anos está com um homem de 36

Ela está apaixonada pelo professor e qualquer movimento que você fizer contra essa relação, poderá provocar nela uma rebeldia ainda mais intensa. Então, o que fazer?

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“Sou mãe de uma única menina de 15 anos e nunca tive problemas com ela antes. Mas descobri que ela está namorando e tendo relações sexuais com o professor de jiu-jitsu de 36 anos, pai de três filhos: dois meninos de 14 e 17 anos (mesma mãe) e de uma menina que ele não dá atenção. Estou chocada com isso, minha filha mudou demais, disse que nos odeia, tornou se grosseira, não ouve conselhos. Assim, nossa vida virou um inferno, nós não aprovamos o relacionamento. Porém, ela continua conversando com ele por e-mail e disse que não vai aguentar ficar longe dele, pois está apaixonada. Estou muito abalada não sei o que fazer. Dra. Anette Lewin a senhora pode me ajudar?”

Resposta: A adolescência, em geral, é uma fase do desenvolvimento bastante difícil e turbulenta, tanto para quem a vive quanto para quem está ao seu redor. Principalmente para os pais que se sentem na obrigação de educar, dar regras e conter comportamentos de risco.

É preciso muita calma e ponderação para tomar decisões e mantê-las, uma vez que o adolescente tende a passar como um trator por cima de tudo o que está estabelecido no intuito de criar uma identidade própria. Quer ser diferente dos pais, derrubar regras, viver intensamente suas paixões (platônicas ou não), seguir seus instintos. Tudo isso para fugir da turbulência interna, que uma identidade ainda em construção provoca.

Como os pais podem lidar com tudo isso?

A primeira coisa a ser feita, é uma viagem no tempo em direção à sua própria adolescência. Afinal, os pais já foram adolescentes, já passaram por essa fase tão difícil, e cada um, a seu modo, conseguiu superá-la, construir uma identidade e fazer uma síntese entre as referências que tiveram dos pais e as próprias referências construídas através de vivências pessoais. Assim, é mais fácil os pais entenderem os filhos adolescentes do que os adolescentes entenderem os pais, que vivem uma fase pela qual o adolescente ainda não passou.

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Você mãe, que escreve num tom de desapontamento, confusão, desespero, antes de mais nada, deve acreditar que essa é uma fase de passagem, que muito provavelmente dará à sua filha a oportunidade de começar a avaliar qual é a consequência de comportamentos impulsivos e radicais como os que ela está vivenciando. Você já passou por essa fase. Sim, provavelmente dirá que nunca teve esse tipo de comportamento. É possível que sua educação tenha sido mais rígida, que você não tenha tido as informações que sua filha tem aos 15 anos; é bem provável que tenha se apaixonado platonicamente por algum professor, mas não tenha caído nas garras de algum adulto que correspondesse ao seu amor adolescente sem medir as consequências; é possível que não tenha tido a ousadia de buscar algum alívio vivencial numa relação amorosa de risco.

Faça uma avaliação crítica da relação com sua filha

Mas, certamente, é capaz de entender os sentimentos que levam sua filha a isso. Então, antes de mais nada, tente fazer uma avaliação crítica de seu relacionamento com sua filha. Você costuma conversar com ela sobre temas que sejam de interesse dela no momento? Ela costuma ouvir você? Você é uma mãe vigilante no sentido de saber onde sua filha está, quanto tempo passa fora de casa, quem são seus amigos? Qual o grau de liberdade que você dá a ela aos 15 anos?

É importante rever todas essas questões em virtude do comportamento atual dela. Por outro lado, neste momento, ela está apaixonada pelo professor e qualquer movimento que você fizer contra essa relação, poderá provocar nela uma rebeldia ainda mais intensa. Não se esqueça que, na cabeça dela, conquistar o professor é, provavelmente, sua primeira “vitória” no campo amoroso. E ela se sente feliz, preenchida e orgulhosa disso. Então, sua interferência pode funcionar mais no campo de tentar reduzir os danos do que convencê-la ou proibi-la de continuar a relação.

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Reduzir danos significa levá-la ao ginecologista para aconselhamento sobre cuidados físicos e contraceptivos, oferecer-se para ouvi-la caso ela queira falar, colocar limites em suas saídas de casa e oferecer ajuda psicológica caso ela aceite. Muito provavelmente ela não aceitará abrir-se muito com você, mãe; é normal. Não significa que você errou. Apenas significa que ela não quer confundir a identidade dela com a sua.

O foco não é o professor

Por outro lado, evite focar sua atenção na vida e na história desse professor. Quem precisa de atenção é sua filha. Mesmo que ela responda Grosseiramente, esteja sempre por perto, procure temas de diálogo que possam interessar a ela, bata na porta do quarto dela perguntando se ela precisa de alguma coisa… Enfim, tente ser uma mãe presente na vida dela, sempre. Mas seja presente não apenas como repressora; seja presente não só com críticas, mas com elogios quando ela fizer algo interessante ou se arrumar de um jeito bonitinho. Aliás, sua presença pode se dar com olhares ou momentos de silêncio.

Essa fase vai passar e daqui a algum tempo esse professor, provavelmente, sairá da vida dela. Sim, ele está desrespeitando a lei por sedução de menor. Mas evite pensar em tomar medidas judiciais, pois acabará colocando mais lenha na fogueira e dando um incentivo para a relação proibida. Afinal, nessa idade o proibido sempre ganha mais sabor. Que o digam Romeu e Julieta.

Por fim, tente não supervalorizar a situação, e encará-la com o máximo de naturalidade que você puder. É difícil, mas não se esqueça, que quanto mais atenção você der ao caso, mais estará estimulando a rebeldia de sua filha.

Então, direcione sua atenção a ela como pessoa, como alguém que obedeceu até agora, mas está entrando numa fase de oposição que passará. Tente aceitar a dinâmica dessa adolescente que você, provavelmente, criou da melhor forma que pôde. E procure dar a ela todo o apoio que ela precisar para que, mais para frente, consiga fazer escolhas amorosas mais sensatas e ponderadas.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

É psicóloga graduada pela PUC/SP. É psicoterapeuta de adultos e adolescentes em consultório particular desde 1975 até a presente data. É coach em saúde mental. Vya Estelar quer colocar você, querido leitor(a), ainda mais pertinho de nós. A psicóloga Anette Lewin responderá perguntas enviadas por você sobre relacionamento amoroso, conflitos na vida a dois e conjugal. Esta resposta possui dois formatos: 1º formato: responder as perguntas enviadas por você; 2º) formato: extrair uma palavra em específico de uma pergunta que você enviou (ex: traição). E partir desta palavra, revelar o significado do que sentimos ao nos relacionar. Seu nome e e-mail serão preservados.