Da Redação
“O TDAH é um transtorno neurobiológico que se caracteriza por três grupos de alterações: hiperatividade, impulsividade e desatenção”
Embora o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) seja um assunto conhecido, as dúvidas são recorrentes. A psiquiatra Dra. Maria Conceição do Rosário esclarece as principais questões sobre o tema.
1 – Hiperatividade, impulsividade e desatenção são as principais características do TDAH?
Resposta: Verdade. O TDAH é um transtorno neurobiológico que se caracteriza por três grupos de alterações: hiperatividade, impulsividade e desatenção. Porém, esses sintomas precisam estar presentes em dois ou mais ambientes (social, afetivo, familiar, escolar e/ou profissional) por um período prolongado, que só poderá ser avaliado por um especialista, bem como os sinais citados. Ao perceber os sintomas os profissionais mais indicados para uma avaliação são: neurologista, neuropsiquiatra e psiquiatra.
2 – O TDAH é um transtorno novo?
Resposta: Mito. Dados históricos comprovam que o primeiro registro sobre os sintomas do TDAH foi feito pelo pediatra inglês, George Still, em 1900. Ele apresentou casos clínicos de crianças com hiperatividade e outras alterações de comportamento que poderiam ser provocadas por algum transtorno cerebral que na época ainda era desconhecido.
3 – Apresentar hiperatividade é o mesmo que ter TDAH?
Resposta: Mito. A hiperatividade é apenas um dos sintomas do TDAH. E pode ser encontrada em diversos transtornos psíquicos como transtorno bipolar, autismo e em alguns casos de ansiedade. A hiperatividade também pode ocorrer em doenças físicas como o hipertireoidismo. O quadro também pode ser provocado por alguma situação específica de fundo emocional e ser passageiro.
4 – O TDAH é hereditário?
Resposta: Verdade. Quando diagnosticamos uma pessoa com TDAH, se pesquisarmos na mesma família, encontramos frenquentemente pais ou irmãos com o mesmo problema.
5 – O TDAH pode estar associado a dificuldades de aprendizagem?
Resposta: Verdade. Cerca de 40% dos pacientes com TDAH também apresentam dificuldades de aprendizado. No entanto, outras patologias neurológicas e sistêmicas também podem dificultar o aprendizado.
6 – O TDAH pode ter origem na vida adulta?
Resposta: Mito. As manifestaçõesdo TDAH sempre têm origem na infância. Em alguns casos, as pessoas são diagnosticadas apenas na adolescência ou na vida adulta, o que transmite a ideia de que o transtorno teve início nesse período da vida. Mas se esses pacientes voltarem ao passado, perceberão que o transtorno causou prejuízos desde a infância na vida social e mais tarde na profissional.
7 – Preencher a rotina da criança com atividades ou levá-la para a psicoterapia, por exemplo, bastam para tratar o TDAH?
Resposta: Mito. O tratamento do TDAH deve ser sempre individualizado e multidisciplinar. A idade, a gravidade do quadro e a situação pessoal do paciente (apoio familiar, impacto do transtornona escola e/ou trabalho, afazeres cotidianos, etc) norteiam o médico no tratamento mais adequado para aquele indivíduo, que pode envolver diferentes especialidades (psicólogo, pedagogo, fonoaudiólogo, etc). Além disso, ter uma rotina organizada também ajuda no tratamento, como agendas e bilhetes que podem auxiliar na realização das atividades cotidianas do portador.
Fonte: Dra.Maria Conceição do Rosário, Psiquiatra – CRM/SP 68027 Psiquiatra da Infância e Adolescência e Professora Adjunta do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e professora associada do Child Study Center da Universidade de Yale.