por Karina Simões
Na minha prática clínica, há quase duas décadas atendendo casais, consigo perceber pela demanda que me procura para ajuda, o quanto a comunicação é fundamental para se ter um bom relacionamento. É como se escuta por ai: “eu sou responsável pelo que eu falo e não pelo o que você escuta”.
Nos casamentos, essa premissa fica bastante hiperbolizada, pois os casais entram em conflitos, chegando a deixar essa convivência (ou relacionamentos) numa “UTI” conjugal. Expressão que costumo usar pra explicar a gravidade que uma relação pode chegar a se encontrar.
Assim, devido à má comunicação, muitos casais nos recorrem para fazer acompanhamento em Terapia de Casal. Nestes casos, ajudamos a promover o que funciona bem nesse casal, a desenvolver novas perspectivas da relação reforçando sempre o que tem de positivo, interrompemos os padrões de comportamento que não mais funcionam e treinamos novos comportamentos mais adaptativos, facilitando assim, a comunicação e a expressão desses sentimentos.
A generalização é uma forma de expressar-se bastante usada nos casais em crises crônicas. Ou seja, a pessoa se expressa sempre dando um tom que agride o outro e impede a compreensão na cumplicidade. Como o termo mesmo diz, generaliza a situação. Por exemplo: “você sempre me critica” ou “você estraga tudo que faz”. São formas de falar bastantes generalistas que impedem um grau de compromisso e compreensão na conjugalidade.
Assim, encorajamos uma mudança de atitude conjugal diante de um treino de habilidades sociais e ensinamos comportamentos e falas aos casais dentro da realidade de vida de cada um. Não há uma fórmula pronta, e o que pode servir pra um casal, pode não servir para outro. Reforçando o treino sempre com foco na psicologia positiva.
Fazer as pessoas enxergarem que a busca de um caminho conjugal feliz não está no “ter razão”, e sim numa corresponsabilidade conjugal diante dos sentimentos. Costumo dizer que no “grito ninguém se ouve… e a conjugalidade não acontece”.
Assim, esperamos que as pessoas possam cada vez mais ter acesso à psicoterapia de casal, que essa seja uma alternativa salutar e preventiva, para que a conjugalidade exista de verdade no coração das pessoas.