Não aguento mais a pandemia. Ter fé ou tomar remédio?

Se você não aguenta mais a pandemia, o caminho é tentar pensar positivamente e se proteger da exaustão     

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“Não aguento mais a pandemia. Meu irmão está com Covid. Até então, estava em casa, mas ele piorou e precisou ser internado e agora foi entubado. Estou muito mal, pois além de tudo, ele tem dois filhos ainda crianças. Estou buscando dar apoio no que posso à mulher dele e às crianças que estão traumatizadas, mas me sinto sem forças. O que fazer numa hora dessas? Ter fé? Me medicar?”  

Resposta: Que situação difícil, não? Realmente essa doença está afetando muito a nossa Saúde Mental! Quando acontece tão perto de nós, então, o nível de estresse sobe às alturas!

Se não aguento mais a pandemia… qual a saída?

O caminho, creio, é tentar pensar positivamente e se proteger da exaustão. Ou seja, não doar mais do que pode. Não somos onipotentes, nem impotentes, mas precisamos avaliar qual é a nossa real POTÊNCIA para enfrentar as adversidades.

Procure acolher a sua família que está sofrendo, mas sem negar a realidade, embora você pertença a esse círculo familiar. Evite euforias e pessimismos. Também… tentar encarar a realidade com a maior serenidade possível, sem ser “engolida” pelo sofrimento, é fundamental!

Procure ser resiliente

Resiliência não é apenas um conceito teórico! Na verdade, é a capacidade que algumas pessoas têm de enfrentar as dificuldades da vida. E isso depende de vários fatores biológicos e psicológicos, como uma predisposição genética e todo o desenvolvimento emocional de uma pessoa. É preciso ter desenvolvido dentro de si uma capacidade de adaptação que exige mesmo algo como uma “força interior”, que não é teórica e sim uma condição de vida!

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Assim, A resiliência depende basicamente dos fatores biológicos e psicológicos. Eu tenho como base a teoria do psiquiatra americano Peter Kramer, em que ele fala da “estrutura seritoninergica” como base biológica para o desenvolvimento de uma pessoa. Ele faz uma comparação (que eu mesmo adaptei) à questão genética da cor da pele: quanto mais genes dominantes a pessoa tiver, mais escura será a cor da pele. Assim, posso crer que, quanto mais genes e suas interações para a produção individual de serotonina tiver a pessoa, mais apta a se desenvolver psicologicamente.

Psiquiatra e psicoterapeuta. Obteve Titulo de Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP e o de Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina na USP. Escreveu os seguintes livros sobre relacionamento amoroso: Casamento missão (quase) impossível; Ciúme: O medo da perda; Ciúme: O lado amargo do amor