Se você se autossabota após se separar, veja como lidar com esse conflito, que traz junto um sentimento de culpa, e lhe impede de viver de forma plena sua atual relação

E-mail enviado por uma leitora:

“Me separei há um ano. Comecei a me relacionar muito nova. Na época, tinha 14 anos. Mas após viver 10 anos com ele, estava infeliz. Temos um filho de 4 anos. Há alguns meses comecei a namorar um rapaz, mas me sinto muito culpada por ter me separado, ainda mais que ele era uma pessoa boa e ainda quer voltar. Não consigo me desapegar dessa culpa e ser feliz. Como lidar com tudo isso?”

Resposta: Todo mundo, ao tomar uma decisão, se sente tentado a ficar imaginando como teria sido se optasse por um caminho diferente. É um pensamento que pode ajudar ou atrapalhar dependendo de como é conduzido. Se esse pensamento retroativo servir para entender melhor a situação, no seu caso, reavaliar seu casamento para entender onde houve falhas, pode até ajudá-la a evitar cometer os mesmos erros numa próxima relação. Agora, se a reflexão caminhar para o lado da moralidade e da culpa, além de não acrescentar nada ao entendimento da situação, pode atrapalhar e conflituar novos vínculos impedindo você de encontrar harmonia e satisfação. Parece que é o que está acontecendo com você.

Se você decidiu se separar é importante que assuma sua escolha e a perceba como a melhor escolha que pôde fazer na ocasião. Você entende que se casou muito cedo e que optou por romper o relacionamento quando ele perdeu o sentido para você. Certamente um casamento que durou 10 anos deve ter trazido algo de bom, não é? Assim é normal que sinta um certo desconforto em pensar no que perdeu e na dor que seu marido sente ao perdê-la.

Não se permitir ser feliz após se separar

Você descreve seu ex-marido como uma pessoa boa e, certamente, essa percepção ajuda a manter seu conflito. Afinal, se uma pessoa é boa, por que se separar dela? Bem, no amor as coisas não são tão cartesianas… Quem se casa tem expectativas que se concretizam mais nas trocas afetivas no que no bom caráter do parceiro. Ser uma boa pessoa não basta para o amor. Tem que ser uma boa pessoa que, de alguma forma, preencha as expectativas do parceiro. Para alguns é alguém tranquilo, para outros alguém mobilizador, para outros alguém carinhoso e assim vai.

Certamente alguém pode preencher as expectativas do parceiro por algum tempo e depois deixar de fazê-lo. Afinal as pessoas mudam com o tempo e suas expectativas, inclusive as amorosas, mudam também. Alguns casais conseguem ajustar expectativas no decorrer do relacionamento; outros caminham em sentidos tão opostos que, em algum momento, acabam criando uma distância sem volta.

Você é uma pessoa jovem que está tentando ser honesta consigo mesma e fazendo escolhas que abram caminhos para uma vida amorosa plena. Evite ficar olhando para trás o tempo todo e tente viver o que tem no momento. Essa boa pessoa, que é seu ex-marido, estará por perto sempre. Afinal, vocês têm um filho. Pode ser que em algum momento vocês resolvam voltar, às vezes isso acontece. Outras não.

De qualquer forma, agora é o momento de você viver seu novo namoro plenamente, tentar entender o que ele lhe proporciona e, consequentemente, saber um pouquinho mais sobre as suas necessidades afetivas. Ficar olhando só para o passado ou só para o futuro são atitudes que acabam com a possibilidade de aproveitar o presente e degustar os sabores do amor. Evite desperdiçar as novas possibilidades que conseguiu conquistar.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Anette Lewin

É psicóloga graduada pela PUC/SP. É psicoterapeuta de adultos e adolescentes em consultório particular desde 1975 até a presente data. É coach em saúde mental. Vya Estelar quer colocar você, querido leitor(a), ainda mais pertinho de nós. A psicóloga Anette Lewin responderá perguntas enviadas por você sobre relacionamento amoroso, conflitos na vida a dois e conjugal. Esta resposta possui dois formatos: 1º formato: responder as perguntas enviadas por você; 2º) formato: extrair uma palavra em específico de uma pergunta que você enviou (ex: traição). E partir desta palavra, revelar o significado do que sentimos ao nos relacionar. Seu nome e e-mail serão preservados.