No futuro haverá distinção entre sexo virtual e real?

Sexo virtual e real: o grande desafio que temos como sociedade é ponderar o potencial impacto de uso de tudo que acena com um convite para práticas sem fronteiras seguras em relação a nós e aos que nos cercam

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“Uma empresa no Reino Unido oferece um serviço de faxina residencial e as profissionais em questão podem estar totalmente nuas, mas não poderão ser tocadas, mas o contratante pode, por exemplo, se masturbar, desde que não invada o espaço corpóreo da faxineira. Soma-se a isso a técnica de Inteligência Artificial (Deepfake), para trocar o rosto de pessoas em vídeos, já sendo usada em vídeos pornográficos. Essa técnica já gera um grave problema ético e social. Mas minha dúvida é, será que estamos caminhando para uma conceito sociocultural onde não haverá, futuramente, uma distinção entre sexo real e virtual ou uma separação entre sexo e pornografia? Para onde estamos indo com tudo isso? Gostaria mesmo de conhecer a opinião de uma psicóloga especializada em sexualidade. Se puder de algum modo satisfazer minha curiosidade, fico contente. Muito obrigado.”

Resposta: Caro leitor: nem tudo, no cenário dos comportamentos humanos e dos avanços da tecnologia, tem respostas simples. Temos assistido um mundo com infinitas ofertas de prazer sexual e uso da inteligência artificial que muitas das vezes vão além do que sonhávamos poder existir um dia. O grande desafio que temos como sociedade é ponderar o potencial impacto de uso de tudo que acena com um convite para práticas sem fronteiras seguras em relação a nós e aos que nos cercam. Todavia, a sociedade continua, e deve continuar a debater e explorar os limites éticos, sociais e psicológicos de questões, como as que você apresenta, à medida que elas surgem e avançam.

Distinção entre sexo virtual e real no futuro

Apesar da facilidade de acesso aos estímulos sexuais virtuais, das novas formas de consumir conteúdo adulto, como a realidade virtual, e até dos altos índices de consumo de pornografia, ainda não existem indicativos de que estejamos caminhando para a falta de distinção entre o sexo real e virtual. A experiência sexual ainda continua baseada em interações humanas físicas e reais, que também devem ser debatidas quanto à consensualidade, segurança e satisfação das partes envolvidas nos relacionamentos, pois o que mais interessa nesse mundo são as pessoas e a saúde física e emocional delas.

Atenção!
Esta resposta não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

É Psicóloga Clínica, Terapeuta Sexual e de Casais no Instituto H.Ellis-SP; psicóloga no Ambulatório da Unidade de Medicina Sexual da Disciplina de Urologia da FMABC; Doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; epecialista em Sexualidade pela Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana – SBRASH; autora do livro “Mulher: produto com data de validade” (ED. O Nome da Rosa) Mais informações: www.instituto-h-ellis.com.br