Por Lilian Graziano
Chefes não desempenhariam qualquer papel na promoção de um sentimento de significado no trabalho – mas teriam a capacidade de impedi-lo, de acordo com estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Sussex e da Universidade de Greenwich.
Segundo a pesquisa, que logo me chamou a atenção no site ScienceDaily.com, a liderança recebe praticamente nenhuma menção quando as pessoas descrevem momentos significativos no trabalho, mas a má gestão é apontada como o principal motivo para a falta de significado.
O estudo indica, ainda, que, em vez de ser semelhante a outras atitudes relacionadas com o trabalho, como o compromisso e o engajamento, o significado tende a ser individual, e muitas vezes é descoberto pelos funcionários quando eles refletem sobre o assunto.
Foram entrevistadas 135 pessoas de 10 ocupações muito diferentes, desde sacerdotes até coletores de lixo, para perguntar sobre incidentes ou momentos em que os trabalhadores pensaram que o seu trabalho era algo significativo e, por outro lado, momentos em que eles se perguntaram: "Por que estou trabalhando com isso?".
Em não se tratando de um estudo sob o viés da psicologia positiva, só posso inferir que a tendência a um caminho individual para encontrar significado no trabalho teria a ver, provavelmente, com o flow que ele proporciona e, assim, os valores e também as forças pessoais desempenhariam um papel importante na promoção desse estado. Afinal, o flow (veja aqui) é nossa essência em exercício.
Por outro lado, se a má gestão atrapalha o objetivo de encontrar significado no trabalho, seria porque consolidar e reconhecer nossos valores e forças implica certo estímulo externo, reforçando cada êxito em nossa busca por excelência, extraindo de nós o melhor que podemos ser e oferecer em nossos cargos e funções. Nesse caso, se o referencial de gestão fosse o de uma liderança positiva, mudariam os rumos dessa pesquisa.
Discordo dos cientistas quando mencionam, em seu estudo, que aquilo que os gerentes podem fazer para incentivar o sentido no trabalho é limitado (embora se saiba que para impossibilitar o significado seus repertórios são bem maiores).
Uma das autoras, a profa. Katie Bailey, de Sussex ainda diz: "Ao experienciar o trabalho significativo, nós deixamos de ser apenas trabalhadores ou empregados e passamos a nos relacionar como seres humanos, estendendo a mão para um vínculo de humanidade com os outros".
Eu inverteria a relação: o vínculo mencionado vem primeiro, por meio de um ambiente organizacional mais positivo, com uma gerência capaz de desenvolver de fato o potencial de seus liderados, proporcionando satisfação no trabalho e, consequentemente, o encontro do significado.
"Para as organizações que buscam nutrir o significado no trabalho, a responsabilidade ética e moral é uma boa alternativa, uma vez que são qualidades que fazem a ponte entre o trabalho e a vida pessoal", afirmou, ainda a profa. Katie. Com isso concordo plenamente, e acrescentaria: quanto mais próxima das virtudes universais (saiba mais) do homem estiver a missão de uma empresa, mais fácil será a promoção de significado. A liderança positiva chegaria para somar…