por Elisa Kozasa
Afinal, quais são os elementos que contribuem para o equilíbrio mental?
Pesquisadores de diferentes áreas têm realizado esta pergunta nos últimos anos. Ao invés de focalizar na doença ou desequilíbrio emocional, alguns grupos de cientistas estão estudando quais são os elementos que trazem equilíbrio para o indivíduo e bem-estar.
Existe um área na Psicologia conhecida como Psicologia Positiva por exemplo, cujo foco é estudar as características positivas da personalidade e que podem contribuir para a saúde emocional das pessoas.
Em um artigo publicado na American Psychologist, Alan Wallace, fundador do Santa Barbara Institute for Consciousness Studies e Shauna Shapiro, professora da Santa Clara University, descrevem os fatores que podem contribuir para o equilíbrio mental, recorrendo ao conhecimento do budismo e da psicologia ocidental.
Os quatro passos para o bom equilíbrio mental
1º passo: equilíbrio conativo
Para esses autores o primeiro passo está no cultivo do equilíbrio conativo. A conação se refere à faculdade da intenção ou volição – ação de scolher ou decidir. Uma deficiência na conação pode ser característica de um indivíduo desmotivado, que não consegue sustentar uma intenção específica e necessária para atingir um objetivo. Reconhecer e sustentar motivações corretas fazem parte desse primeiro passo.
2º passo: equilíbrio atencional
O segundo passo consiste no equilíbrio atencional. A sustentação da atenção é fundamental para alcançar a saúde mental e ótima performance em qualquer tipo de atividade que seja cheia de significados. Hiperatividade e agitação atrapalham esse equilíbrio e conduzem à distração.
3º passo: equilíbrio cognitivo
O equilíbrio cognitivo é o próximo passo. Ele se relaciona à capacidade de interagir com o meio, sem impor conceitos preconcebidos e apreender de maneira correta os eventos à sua volta, sem erros de interpretação. Isso depende de se estar calmo e claramente presente com a experiência, momento a momento.
4º passo: equilíbrio afetivo
O equilíbrio afetivo é uma consequência natural dos equilíbrios conativo, atencional e cognitivo. Consiste em estar liberto de excessiva flutuação emocional, apatia emocional ou emoções inapropriadas. O cultivo do equilíbrio afetivo corresponde à habilidade de controle emocional.
Não é uma tarefa simples conquistar um verdadeiro equilíbrio mental, mas este modelo nos auxilia a refletir em que ponto talvez estejamos tendo dificuldades na tentativa de atingir este equilíbrio que reflete-se, dentre outros fatores, em nosso bem-estar.
Dica de leitura:
Wallace, B.A. & Shapiro, S. L. Mental balance and well-being: building bridges between Buddhism and Western Psychology. American Psychologist. 2006, 61(7):690-791.