por Patricia Gebrim
Não existe nada mais assustador do que gente insegura. Para imaginar isso basta acuar um animal. Experimente… deixe-o bastante assustado (ah… mas não venha depois me responsabilizar pelo que possa ocorrer!).
Não é difícil que você seja ferido ou agredido por um animal nessa situação. O medo evoca reações muitas vezes incontroláveis, quase reflexas, no sentido de proteger a vida sob ameaça.
Agora transfira essa ideia para os relacionamentos. Uma pessoa insegura está assustada. Teme ser enganada, traída, ferida, usada, aviltada. Uma pessoa insegura fica tensa, prestes a reagir impensadamente a estímulos que, em um estado mais relaxado, poderiam ser considerados absolutamente aceitáveis. Os inseguros, tomados pelo medo, são capazes de atitudes impensadamente destrutivas. Podem reagir de maneira absolutamente injusta, ou planejar vinganças baseadas em fantasias criadas pelos fantasmas do medo.
Quando temos medo do escuro, qualquer barulho torna-se insuportavelmente assustador. Da mesma forma, nos relacionamentos, quando tomados pelo medo, perdemos a capacidade de enxergar objetivamente e transformamos atitudes normais em ameaças potenciais.
Se você quer manter a saúde de seu relacionamento afetivo, precisará aprender a lidar com seus próprios medos e inseguranças. Ouça… O outro não pode fazer isso por você. O seu medo não é algo que pertença à pessoa com quem você se relaciona. O seu medo “é todo seu”, goste ou não dessa ideia. Será preciso que você lute contra o que o assombra, sem cair na tentação de projetar isso em seu parceiro, culpando-o ou tentando assombrá-lo ainda mais do que tem se sentido assustado.
Algumas pessoas, por se sentirem inseguras, costumam criar um jogo nefasto para se defender de seu próprio medo: tentam tornar seu parceiro amoroso ainda mais inseguro do que si mesmas. Fazem isso sempre jogando algo no ar. Uma ameaça… Uma informação desencontrada… Um comentário aparentemente casual mas que leva a semente de uma ameaça. Sua tentativa é a de fazer com que seu parceiro se sinta inseguro e fragilizado, como se só dessa forma, ao perceber que seu parceiro teme perder seu amor, você conseguisse acreditar que seja de fato amado.
Claro que essa não é uma boa estratégia. Uma pessoa insegura é perigosa, lembra-se? É incrível o número de atitudes destrutivas desencadeadas pelo fato das pessoas estarem se sentindo ameaçadas. E é assim que, na maioria das vezes, o tiro acaba saindo pela culatra.
Se você está em um relacionamento no qual esse tipo de jogo se estabeleceu, se seu parceiro afetivo o vem provocando para que você se sinta inseguro, ou se você tem tido a necessidade de fazer isso, pare por um instante e procure em você por aquilo que possa ser uma base real para um relacionamento saudável: a confiança. Sem confiança os relacionamentos estão fadados ao fracasso.
Eu sugiro que você converse com seu parceiro e exponha o que percebeu. Essa é uma ótima maneira de “quebrar o jogo”. Caso perceba que o outro esteja tentando lhe causar insegurança, mostre que está percebendo isso e procure entender os motivos dessa atitude. Caso seja você que esteja agindo assim, pare e escolha uma maneira mais madura de lidar com seus medos. Conversar sobre sua insegurança pode ser um bom começo.
Lembre-se de que confiar, em primeiro lugar, não é confiar no outro, e sim confiar em si próprio. Confiar que você possa sim ser uma pessoa bacana o suficiente para que o seu parceiro respeite você. Precisamos confiar no fato de que merecemos ser amados.
Precisamos também confiar em nossa capacidade de nos proteger, de nos tirar de situações indignas. Ninguém é capaz de controlar o que vai enfrentar no terreno amoroso, assim confiança é também se lembrar de que, caso a relação deixe de ser saudável, você sempre poderá fazer suas malas e buscar alguém que o trate de forma mais respeitosa. Se nos soubermos capazes de fazer isso, não teremos tanto medo, nem nos preocuparemos tanto em ter o controle de tudo. Afinal, isso não é algo possivel de ser atingido.
Assim, confie em si mesmo e ajude seu parceiro amoroso a sentir-se confiante. Deixe de lado os jogos, pare de tentar se afirmar fazendo com que o outro se sinta inseguro. Caso seu parceiro insista em manter esse jogo em andamento, pense se realmente é válido permanecer um relacionamento dessa forma.
Tudo se resume em nossas escolhas, lembre-se sempre disso.
Claro que relacionamentos não são descartáveis e que nossa primeira tentativa deve ser a de superar os desafios, crescer, transformar o relacionamento em um espaço de amadurecimento e superação.
Mas, caso isso se mostre impossível, nunca se esqueça de que sair de um relacionamento doentio é também uma opção saudável e protetora.