O que é a vida? Como contemplá-la?

A vida traz em si muitas perguntas e dúvidas que a ciência não consegue abarcar. A vida transborda no cosmos em todas as ordens de grandeza, aparenta um continuum que interpenetra e conecta a natureza…

Vida e movimento são indissociáveis, o que não exclui a necessidade de períodos de silêncio, repouso e recolhimento que ocorrem nos momentos de transformação e morte. O valor aproximado de 2,7K da temperatura da radiação cósmica de fundo (RCF) remete à ideia de movimento do cosmos e leva a intuir uma possibilidade conceitual de vida, visto que o estado de zero absoluto não pode ser atingido por um sistema e caso isto ocorresse não haveria energia suficiente que pudesse ser transferida, levando a entropia ao seu valor mínimo.

A vida transborda no cosmos em todas as ordens de grandeza, aparenta um continuum que interpenetra e conecta a natureza, como a teia de um tecido eterno (pleno e atemporal) que envolve e penetra um tecido de realidade parcial de tempo-espaço. A aproximação conceitual de realidades maiores como a vida pede um afastamento e abertura pessoal que favorecem o despertar de sentidos interiores capacitados para interagir com os inúmeros campos de possibilidades conceituais relacionados.

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A ciência é fundamental na compreensão lógica e racional de conceitos como o da vida, mas carece de corpo e se torna parcial quando se fecha ao auxílio da arte e da religião na busca de sentido profundo. A dificuldade em compreender alguns fenômenos pede abertura pessoal para novos paradigmas, ainda que a ciência convencional não disponha de recursos para aferi-los em um primeiro momento. No Oriente, natureza significa “o que existe por si só” e, cientistas renomados como H. Yukawa, sentem estranheza confrontados com a visão ocidental da natureza.

O que é a vida: perguntas e dúvidas

Assim, todas as perguntas e dúvidas representam a vida, no sentido em que as perguntas portam em si todas as respostas possíveis, enquanto a dúvida e o incômodo que as acompanham constituem motor da raça humana no processo da compreensão existencial. Como contraparte a morte, contida nas respostas e nas certezas, por um lado tranquiliza ao mostrar um universo conhecido e passivo de ser controlado e explorado, por outro impede o vislumbre de possibilidades diversas da forma de compreensão vigente. É preciso atenção para manter viva a semente do livre pensar.

Médico Neurocirurgião pelo HCFMUSP Doutor em Neurociências pelo ICBUSP Graduado em Física pela USP Especialista em Medicina Antroposófica pela ABMA Autor do livro e do blog: Saúde é Consciência Meu blog: http://saudeconsciencia.blogspot.com