por Elisandra Vilella G. Sé
autoestima significa gostarmos de nós mesmos, nos apreciarmos, aceitar nossas habilidades e nossas limitações, de forma realista e genuína, sem excessos de valorização da nossa própria pessoa. É a percepção subjetiva que a pessoa faz se si mesma.
A autoestima se desenvolve como parte da nossa personalidade, que se forma muito cedo e é bastante complexa. Ela se forma a partir da construção social e psicológica da nossa personalidade. Envolve crenças sobre si mesmo.
Como por exemplo: sou capaz/incapaz; competente/incompetente, assertividade/medo. Ela pode se expressar em uma dimensão específica, particular ou geral, coletiva. Por exemplo, de modo particular “Acredito que sou um bom professor” ou global “Acredito que sou um bom cidadão”.
Autoconhecimento é o caminho para a construção de uma boa autoestima
Para gostar de nós mesmos precisamos saber quem somos, exercitar o autoconhecimento, auto-aceitação, isto é, conhecer a própria identidade. E isso se forma com o tempo, conforme crescemos e desenvolvemos. Desde criança percebemos o que as pessoas esperam de nós, que comportamentos são apreciados ou reprovados. Isso nos dá a idéia do que é certo e errado. Por isso é natural que ao longo da vida formemos uma imagem a nosso respeito, do que somos capazes, de como somos enquanto pessoa e como as pessoas nos vêem. E muitos dos julgamentos qualitativos que fazemos de nós podem às vezes corresponder com a realidade ou não, podem ser positivos ou negativos.
Ao longo da vida, adquirimos informações, valores, regras, comportamentos, compartilhando sentimentos que contribuem para a nossa identificação e avaliação. A maneira como percebemos nossas emoções, sentimentos, comportamentos e capacidades se devem sempre a um tipo de valor. É assim que definimos quem somos. Por isso é que é impossível termos uma opinião neutra sobre si mesmo. A nossa autoestima é permeada pelo nosso meio social como também é o nosso autoconceito e tudo na vida. Não existe desenvolvimento fora das interações humanas.
Suponhamos que uma criança possui pais superprotetores demais que a impeça de vivenciar vários acontecimentos na infância, como subir em árvores, andar descalço, não tomar chuva para que não fique doente, pais que fazem tudo pela criança, fazem a tarefa da escola para que ela não erre, não a deixam comer sozinha, fazer nada sozinha, recebendo uma proteção em excesso a ponto de a criança acreditar que realmente é frágil, que realmente precisa de toda proteção. Assim sendo, esta criança pode se tornar um adulto frágil, um adulto que terá sua autoestima negativa. Tudo o que vivenciamos e aprendemos, vemos e ouvimos é sempre filtrado pelo nosso sistema de crenças. Dizemos a nós mesmos o tempo todo o que estamos vendo e ouvindo e isso é registrado como nossa versão da realidade.
Agora suponhamos um adulto que vivenciou vários eventos negativos ao longo da vida, sofrimentos sem apoio e sem recursos. Esse adulto pode acreditar que os fatos acontecem independentemente de suas ações, atribuindo tudo à “força do destino”, ou que ele é impotente diante das adversidades, acabando por comparar a vida com as de outras pessoas e creditando que tudo acontece com ele e não com os outros. E assim se configura um adulto que não acredita na sua capacidade, que não adianta se esforçar e desiste facilmente dos desafios. Aí sua autoestima fica prejudicada.
Essas ilustrações são para mostrar de forma simples como pode se formar uma autoestima negativa. Lógico que uma pessoa com uma autoestima baixa não será dessa maneira para o resto da vida, o ser humano possui uma plasticidade psicológica que lhe permite reformular suas crenças sobre si mesmo.
E como podemos fazer então para preservar a autoestima ao longo da vida?
Acontece que quando definimos quem somos, exercitamos o autoconhecimento nos tornamos menos sensíveis à opinião alheia. Uma vez estabelecida nossa identidade, nossas ações no mundo e nossos papéis, tendo noção do que somos, do que queremos e do que fazemos, mantemos uma coerência interna.
Segundo estudiosos da área de psicologia, a autoestima pode ter uma ligação muito forte com nossos propósitos que estabelecemos ao longo da vida, isto é, nossos objetivos de vida, nossas metas, planos e escolhas. E ao longo da vida esses objetivos vão se modificando. Uma vez atingidos, estabelecemos novos objetivos e assim sucessivamente eles requerem mudanças. E estamos sempre adequando os objetivos a cada nova realidade. Então, em qualquer fase da vida a autoestima pode ser mantida, melhorada e adaptada.
Muitas coisas contribuem para a preservação da autoestima, nossas crenças, nossos, valores, nossos relacionamentos, objetivos, adaptações, regras sociais e comparações. Mas o mais importante são suas crenças sobre si mesmo e seus objetivos de vida.
Para manter a autoestima ao longo da vida, é necessário um exame contínuo em nossas crenças para saber se são adequadas ou não à nossa realidade. Se elas estarão contribuindo para nossa satisfação, realização de planos e nossa felicidade. Se suas crenças estiver a favor da insatisfação, você precisa reprogramá-las, para que você desenvolva a capacidade de gerenciar sua vida.
E para as pessoas e profissionais que cuidam ou trabalham com pessoas adultas e idosas que querem manter elevada a autoestima dessas pessoas, é preciso gostar delas. A autoestima também envolve sentir-se íntegro, respeitado. Os idosos têm direitos adquiridos sobre sua própria vida, são pessoas responsáveis pelos seus atos, exceto pessoas acomentidas por patologias neurológicas degenerativas como o caso de demência.
E cuidados pessoais também são indicativos de uma boa autoestima. Todo seu autoconceito está baseado naquilo que você faz com você, em prol da sua mente e do seu corpo, baseado no que você acredita ser bom pra você de forma realista e satisfatória.