por Antônio Carlos Amador
De um ponto de vista psicológico a maturidade pode ser compreendida como a capacidade de lidar de forma eficiente e flexível com a experiência e de realizar satisfatoriamente as tarefas do desenvolvimento (biológicas, sociais e cognitivas), típicas do nível etário do indivíduo. Isso não significa, no entanto, associar a maturidade exclusivamente à idade cronológica, como é praxe entre os leigos e em alguns meios.
Por causa dessa concepção errônea de que a maturidade é simplesmente uma questão de acrescentar anos à vida, nem sempre compreendemos que o sofrimento e a frustração acompanham o processo de crescimento.
Se a maturidade fosse apenas uma questão de adicionar nossas comemorações de aniversário aos novos privilégios seria uma coisa relativamente indolor. Mas não é. Nós temos efetivamente a oportunidade de evoluir quando nos deparamos com obstáculos que exigem avaliação, luta e risco. Se tentarmos escapar às consequências desses riscos, permaneceremos crianças desamparadas e dependentes.
Imaginemos por um instante uma ilha pequena e desabitada, no meio de um oceano imenso. Os primeiros homens que ali desembarcaram dependiam para sobreviver de auxílio externo. Recebiam alimentos e suprimentos, que eram enviados a eles regularmente. Mas começaram, gradualmente, a desenvolver seus próprios recursos, plantando e colhendo, empenhando-se num trabalho árduo e enfrentando dificuldades. Assim, eles foram se tornando menos dependentes da ajuda exterior para seu sustento. A transição, por vezes dolorosa, que acompanha o crescimento envolve o afastamento da dependência e a transição para a confiança no uso de nossos próprios recursos.
O desenvolvimento humano implica o afastamento gradual da posição de criança dependente, cuja necessidade é ser amada, para a posição de adulto que quer e pode dar amor. Esse movimento ocorre durante toda a vida. Nesse percurso podemos ser magoados, magoar, nos sentirmos incompreendidos, julgados, criticados, conhecermos o fracasso, a inquietação ou a rejeição. Mas, nesse processo podemos aprender a superar alguns de nossos angustiantes temores.
Por outro lado, alguns indivíduos tentam, por desespero, escapar do sofrimento do crescimento, procurando atalhos e caminhos para contornar a luta. Eles imaginam que, em virtude de sua boa aparência, personalidade, posição social, status, relações, dinheiro, experiência ou idade, as coisas lhes deveriam vir sem qualquer luta, disciplina, frustração ou sofrimento. Deveríamos lembrá-los de que reformas importantes raramente foram realizadas num só dia; que pouquíssimos grandes homens descobriram todo seu poder numa única e brilhante realização e que poucas invenções funcionaram bem na primeira tentativa.
A lenta experimentação, os fracassos frequentes, as protelações, os obstáculos estão ao longo da estrada que leva ao sucesso, a realização e ao desenvolvimento humano. São esses incidentes que representam lembretes constantes de que construímos nossa personalidade através do enfrentamento de dificuldades ao longo de nosso ciclo de vida, para assumirmos maiores responsabilidades e obtermos privilégios.