por Samanta Obadia
Em horários de ócio, por vezes, permito-me fazer algo que raramente faço, como por exemplo, assistir a programas de TV aleatórios e sem fundamento.
Numa noite dessas, deparei-me com um programa, onde pessoas ricas iam às compras acompanhadas do jornalista, que documentava suas buscas em meio a um cotidiano muito distante da maioria dos brasileiros.
Havia mulheres que numa joalheria assinavam cheques de R$40.000,00 sem titubear, compravam bolsas de R$ 5.000,00, iates de milhões, almoços de R$3.000,00.
Não sou uma pessoa com características consumistas, mas entendo o capricho de muitos, porém chocou-me uma realidade tão distante da minha das pessoas com as quais convivo. Não falo apenas de uma realidade econômica, mas uma percepção ao valor de objetos e serviços.
No dia seguinte, pela manhã, minha empregada doméstica estava aflita, pois lhe faltavam R$100,00 para concluir a obra da casa que estava montando para sua filha, que teria um bebê.
O contraste das situações numa mesma realidade brasileira, provocou em mim uma reflexão a cerca dos valores que cada vez mais, tornam-se completamente invertidos.
Não importa se é de grife ou não, o que vale é perceber o que aquilo realmente significa para quem consome. Será mesmo que um pedaço de couro, um artigo de luxo feminino, pode valer mais do que a construção de uma casa?
Quanto se ri e o quanto se chora por dinheiro, nós sabemos. O que me assusta ainda é o quanto se paga por status e luxúria como se isso fosse produzir felicidade.
A minha atitude sã naquele dia foi dividir o que tenho, dando R$100,00 para minha funcionária, para que ela finalizasse a obra e dormisse mais feliz. Eu, particularmente, não fiz nada demais, apenas agi dentro do que considero o real valor entre o que se tem e o que se é.