por Tatiana Ades
A misoginia é o ódio que diversos homens sentem pelo sexo feminino e tudo o que está ligado a ele. A palavra vem de miso (ódio) e (gene) mulher.
É muito importante ressaltar que esse tipo de preconceito vem se espalhando mundo afora e hoje em dia, nesse época tecnológica, podemos ver diversos blogs e sites onde homens citam ser a mulher responsável por todos os males de suas vidas.
Em consultório constato que essas afirmações e esse ódio provêm de frustrações amorosas. São homens incapazes de lidar com relacionamentos e, por esse motivo, colocam a culpa de seu mal-estar na mulher e essa se tranforma num ser monstruoso que merece ser exterminado.
Sim, não é exagero, eles chegam a citar a mulher como responsável pelo estupro e agressões físicas que recebem; afirmam que elas estão simplesmente recebendo o que merecem.
Um rapaz me confidenciou que ao contrair o vírus HIV positivo da ex-namorada, começou a olhar para qualquer mulher com olhos de ódio e pavor. Indo mais a fundo na sua historia, chego a realidade de que o vírus foi contraído por uma garota de programa, isso sem proteção e sexo seguro. Então, obviamente questiono a “culpa” da situação vinda de uma enorme falta de cuidado por parte dos dois, mas ele se revolta e grita que “não”; que a culpa é da mulher, que qualquer mulher faria o mesmo e que nenhuma delas seria capaz de reconhecer um homem de bons valores.
Qual a origem da misoginia?
Podemos começar citando a Grécia antiga, onde o machismo imperava de forma absoluta. As “helenas” eram escravas e os homens ao terem relações com outros homens se tornavam abençoados, pois interagiam com 'seres superiores'.
Esse ódio vem da atualidade?
Muitos homens me confessam que a modernidade feminina os tornam fracos, que eles não conseguem lidar com uma mulher numa situação de poder profissional ou sexual semelhante a deles, sentem que a igualdade de valores está errada.
Na verdade, esse ódio sempre existiu, assim como qualquer outro ódio. O ser humano precisa literalmente “tapar suas frustrações”, colocando a culpa em outrem, seja uma mulher, ou em qualquer minoria social.
O medo intrínseco no ser humano o faz desviar de sua realidade para grupos de pessoas que ele passa a “julgar” inferiores, causando um alivio e sensação de poder.
A mulher que é agredida, mesmo que verbalmente, deve procurar ajuda, pois a incitação ao ódio é crime.
Não tente debater com esses homens. Apenas um especialista poderá neutralizá-los através de técnicas corretas, por isso cuidado com qualquer tipo de manifestação masculina preconceituosa.
A misoginia muitas vezes é confundida com o machismo e o antropocentrismo, alguns especialistas concordam que há semelhanças e outros discordam, dizendo que são termos diferentes que significam o mesmo.
O machismo ou “chauvinismo” é a crença de que o homem é superior à mulher. A palavra "chauvinista" foi originalmente usada para descrever alguém fanaticamente leal ao seu país, mas a partir do movimento de libertação da mulher nos anos 60, passou a ser usada para descrever os homens que mantêm a crença na inferioridade da mulher, especialmente nos países de língua inglesa.
O antropocentrismo é um termo cunhado pelo antropólogo Lester F.Ward em 1903 e está intimamente ligado à noção de patriarcado. Porém, não se refere apenas ao privilégio dos homens, mas também da forma como as experiências masculinas são consideradas como iguais as experiências de todos os humanos e tidas como uma norma universal tanto para homens quanto para mulheres, mas sem dar o reconhecimento completo e igualitário à sabedoria e experiência feminina. A tendência quase universal de se reduzir a raça humana ao termo "o homem" é um exemplo excludente que ilustra um comportamento androcêntrico – propensão a supervalorizar o ponto de vista masculino.