por Gilberto Coutinho
Os fumantes utilizam a nicotina dos cigarros para controlarem o seu estado de humor. Uma das propriedades mais determinantes da nicotina é que esse alcalóide muito tóxico do tabaco pode influenciar muitos hormônios cerebrais, também conhecidos como neuroreguladores.
Esses agentes químicos são responsáveis pelas sensações de bem-estar e recompensa. A nicotina apresenta a propriedade de interagir com eles. É importante compreender que a rápida ação da nicotina no organismo e, de seus diversos efeitos neuroreguladores, "ajuda" o fumante a lidar melhor com as suas inseguranças, ansiedades, tensões psíquicas e musculares, nervosismo, baixa auto-estima, estresse … No entanto, o ato de fumar não resolve verdadeiramente tais problemas psicológicos e orgânicos.
Inconscientemente, os fumantes aprendem a regular a ingestão de nicotina e intensificar seus efeitos sobre o organismo. Dessa maneira, os fumantes inveterados passam a "controlar" as substâncias químicas cerebrais para que as mesmas as deixem mais relaxados ou mais excitados, de acordo com as suas necessidades. A nicotina, assim como o estresse, estimula o sistema nervoso simpático, fazendo com que as glândulas adrenais segreguem mais hormônios do estresse como a adrenalina.
O fumante precisa conscientizar-se que o fumo não é um amigo (e sim, um grande inimigo à saúde e à consciência), de que ele lhe confere apenas a ilusão de "controle" e de que existem diversas outras maneiras muito mais saudáveis e efetivas de se administrar o estresse como, por exemplo, meditação, prática regular e moderada de atividade física, yoga, exercícios respiratórios e de relaxamento, psicoterapia, acupuntura, dietoterapia, naturopatia…
O tabagismo pode ser comparado a um relacionamento afetivo destrutivo e doentio, a um comportamento masoquista, de fuga e isolamento, a um ato egoísta e neurótico, a uma couraça, a uma máscara, a uma cortina de fumaça (mecanismo encontrado para esconder os reais sentimentos dos outros e até de si mesmo), a uma forma encontrada de distanciamento das pessoas e de dizer que não há espaço para elas, impedindo qualquer contato mais próximo. Enfim, o cigarro, inibe a necessidade de crescimento pessoal, de relacionamentos verdadeiros e construtivos.