“…aprendi a confiar em mim e na “voz sem voz” que me contava coisas incríveis, voz cheia de amor que insistia em guiar meus caminhos de formas muitas vezes inexplicáveis, dotando minha vida de refrescantes pitadas de magia. Entendam… “Ouvir a voz” foi algo intenso.”
Às vezes a história desta minha vida passa em frente a meus olhos, como se fosse um filme.
A menina sonhadora, que acreditava ter caído no planeta errado, teve que aprender a encarnar, aceitar suas raízes, perder um pouco da ingenuidade. Teve que se desapegar de sua insustentável leveza e criar corpo para sobreviver por aqui.
A certa altura, me tornei funcional na sociedade, como era esperado que fosse. O que não sabiam era que, durante a noite, enquanto todos dormiam, eu permitia a mim mesma voos proibidos, escondida dos “mortos-vivos” – chamo assim os que ainda não nasceram.
Confie em você!
Dessa forma, aprendi a confiar em mim e na “voz sem voz” que me contava coisas incríveis, voz cheia de amor que insistia em guiar meus caminhos de formas muitas vezes inexplicáveis, dotando minha vida de refrescantes pitadas de magia. Entendam… “Ouvir a voz” foi algo intenso. Foi quando tive que morrer. Precisei morrer para segui-la. Não se nasce sem que antes tenhamos morrido. Tampouco é fácil nascer.
Nascer faz com que a gente se distancie do que o mundo espera de nós. Tudo isso precisa acontecer para que retornemos ao nosso verdadeiro lar. Não achem que o caminho de volta para casa nos torne populares. O mundo prefere os mortos, os obedientes, os pássaros de asas cortadas. Mas, sabem… Eu gosto de voar.
As pessoas com quem convivo muito de perto, e que hoje me compreendem, cabem em meia palma de uma mão. Está tudo bem ser assim, entendam, não é uma reclamação. Sou amante do silêncio, da solitude e do vazio. O vazio é tão lindo…
Quando temos a nós mesmos de verdade, chegamos a esse lugar maravilhoso onde as asas são bem-vindas, onde noite e dia se abraçam, onde o lobo pode guardar o cordeiro sem lhe fazer mal algum. Nesse lugar nada falta, tudo já é. É de lá que recebo estas palavras, com infinita gratidão. Tudo que me eleva brota de lá, dessa fonte inesgotável de luz.
Entendam… Não há nada de especial no que lhes conto. Cada um de vocês tem acesso a essa mesma fonte.
Para dela beber, ouçam apenas sua própria voz. Sigam apenas seu próprio coração.
Sejam seus próprios mestres. Abram suas asas. Sejam livres.