por Antônio Carlos Amador
Os terapeutas familiares que baseiam seu trabalho na teoria sistêmica consideram a família como um sistema integrado e cada membro da família como um participante contribuinte.
Segundo Salvador Minuchin, um dos expoentes dessa teoria, o sistema familiar é complexo, composto de subsistemas interdependentes. Cada indivíduo é um subsistema, bem como cada dupla constituída por pai-filho, irmãos, marido-mulher e avós-netos. As interações das pessoas dentro e entre subsistemas são controladas por regras e padrões implícitos, recorrentes e estáveis, que são criados e mantidos por todos os participantes
Dessa perspectiva, uma relação específica como mãe-filha nunca é independente e só pode ser entendida no contexto da família como um todo e de seus vários subsistemas.
A família é um "sistema aberto", o que significa que sofre períodos alternados de estabilidade e de mudança. Muitos aspectos do sistema familiar e dos padrões de interação entre seus membros se tornaram bem-estabelecidos, mantendo o funcionamento da família de forma estável, adaptada e relativamente tranquila. Mas, às vezes, as situações podem mudar radicalmente, por exemplo quando um casal resolve se divorciar. Nesse caso os padrões estabelecidos são alterados, provocando mudanças nas reações emocionais e reestruturação dos relacionamentos.
Quando um casal entende que não é mais possível a vida em comum e que o divórcio é inevitável, a situação se torna delicada no caso de existirem filhos, pois todo o sistema familiar é abalado.
Separação: como os pais devem agir?
Os pais devem chamá-los para uma conversa e colocá-los a par da situação, explicando que não vão mais viver juntos e assegurando que continuarão exercendo seus papéis de pai e mãe, mesmo separados.
Transmitam segurança
É importante que uma criança, ou mesmo um adolescente, tenha consciência e segurança de que não perderá o amor e o carinho do pai e da mãe e que eles estarão presentes de outro modo (pelo menos um deles).
Evitem troca de acusações na frente dos filhos
Ainda assim trata-se de uma situação dolorosa para os filhos, que precisarão de um tempo para elaborá-la. Os pais também devem evitar trocar acusações na presença dos filhos, ou falar mal um do outro, envolvendo-os em problemas que não são deles.
Guarda compartilhada: opção frequente
Embora seja tradicional a guarda dos filhos ficar com a mãe, é cada vez mais frequente a opção pela guarda compartilhada, na qual pai e mãe se alternam nos cuidados dos filhos. Naqueles casos em que os filhos ficam com a mãe é preciso que os horários das visitas do pai, bem como a periodicidade dos passeios sejam definidos claramente. Também a permanência dos filhos na casa do pai nos finais de semana deve ser combinada devidamente. Se tudo ocorrer com regularidade, com o pai e a mãe cumprindo seus compromissos, os filhos terão mais confiança e tranquilidade. Muitas vezes um pai separado é muito mais presente do que aquele que mora com os filhos, mas está ausente, preocupado apenas consigo mesmo.
Como reiniciar a vida afetiva?
Quando um ou outro resolver recomeçar a vida, com um outro relacionamento, isso deve ser feito com transparência e sensibilidade, colocando-se os filhos a par no momento oportuno. É importante conversar com eles, mantendo o diálogo, mas deixando claro quais são os limites dos filhos nessa questão. Os pais têm o direito de recomeçar sua vida e os filhos devem respeitar isso. Muitas vezes eles temem perder o amor do pai ou da mãe. Então é importante que sejam tranquilizados a esse respeito.
É evidente que nos casos de separação litigiosa e de relações que permaneçam conturbadas depois da separação tudo se torna mais difícil e sofrido para todos, especialmente para os filhos.