por Renato Miranda
Muito se diz sobre como o tempo “passa” rapidamente nos dias atuais e como as pessoas parecem mais ativadas no dia a dia, com a impressão que estão sempre atrasadas ou como se estivessem se esforçando sempre para não ficarem ultrapassadas.
Dessa forma, o ritmo de vida parece mais acelerado e as pessoas percebem que a cada dia são mais cobradas para melhorarem seus desempenhos. Isso se dá desde o período da infância, no qual as crianças frequentemente são estimuladas em atividades e exigências a cumprirem tarefas variadas.
Passando pela juventude até a fase adulta, todo aquele que quer ter uma boa formação visando obter bons desempenhos e consequentemente destaque na profissão ou atividade eleita, sabe muito bem o que significa expressões do tipo: “O dia parece curto demais!”; Estou sempre cansado!”; “Será que estou atualizado!”; “Preciso melhorar meu desempenho!”; “Não tenho tempo para mais nada!” e tantas outras frases que registram muito bem o quanto as pessoas se sentem pressionadas a trabalharem e produzirem sempre mais.
Círculo vicioso
Em ritmo acelerado, como esse descrito brevemente acima, a percepção é que realmente o tempo passa mais rápido. A despeito da opinião de quem desconfia que sempre foi dito isso em relação à questão do tempo, fato é que, desempenho humano em alto nível e com qualidade pode muito bem ser adequado a níveis de estresse aceitáveis e sem maiores prejuízos à saúde.
Um ritmo frenético de atividades permanentemente e muitas vezes sem limites não é sinônimo de bom desempenho. Eventualmente para uma melhoria de desempenho é necessário aumentar o ritmo e se ter uma exigência maior, mas quando se perde o controle e a pessoa deixa de cuidar da saúde, por exemplo, algo está errado.
Nessa história toda de ritmo acelerado ou algo parecido para se ter produtividade, há um grande paradoxo: se a pessoa não tem tempo para nada, logicamente ela não pratica exercício físico, não descansa adequadamente, tem poucas horas de lazer, para a família e para o convívio social.
Naturalmente, a consequência dessa rotina é, com o passar tempo, a pessoa ficar fraca fisicamente (saúde debilitada), apresentar níveis de tensão exacerbados, distúrbios do humor, problemas variados de relacionamento e outros. Sendo assim, como essa mesma pessoa, debilitada física, psicológica e socialmente, pode produzir bem a longo termo?
Às vezes, muita gente pode ter um relativo sucesso durante um período intenso de trabalho, acredita que realmente só nesse ritmo (alucinante!) é possível viver com um desempenho desejável.
Sair de ritmo frenético não tem segredo
Não há segredo: sem uma boa regulação da intensidade do trabalho e uma distribuição do tempo em sua rotina a fim de oportunizar descanso necessário, atividades de lazer, exercício físico e para as relações humanas, a pessoa, por mais produtiva que seja, sucumbirá diante da desarmonia física e psicológica.
Mesmo reconhecendo que atualmente a competitividade é alta, desde a tenra idade, o cuidado com nossa saúde (física, social, mental e emocional) é pré-requisito para se viver bem. Antes de pensar em atender as consagradas “demandas do mercado”, não podemos esquecer-nos de atender às nossas exigências pessoais: vida familiar e social, fortalecimento da saúde (exercício físico, boa alimentação e descanso), divertimento e alguma atividade mental livre de pressões (por exemplo, algum hobby).
Em algum período de nossas vidas o trabalho nos impede de reconhecermos tais experiências (necessidades!) como tão fundamentais quanto o desempenho laboral. No entanto, acredito que se deve sempre buscar esse equilíbrio, caso contrário, no futuro iremos repetir aquela pergunta instigante: “valeu a pena?”