por Roberto Santos
Que início desanimador para um artigo de Gestão Pessoal, dirão alguns… Por que tanto pessimismo? Reclamarão outros. Antes de defender esta tese, vamos esclarecer os termos de Plano, Carreira e Plano de Carreira, OK?
Obviamente que todos temos planos na vida. Estes podem se limitar a definir o que vou fazer no próximo fim de semana ou pode se referir a aspectos específicos de nossas vidas – vou estudar, vou casar, ter filhos, comprar uma casa, etc. Planejar é tentar escolher prioridades para buscar recursos, alocar tempo e sentir que estamos dando um sentido a nossas vidas – uma necessidade básica dos seres humanos que nos diferencia dos primatas.
Carreira é o caminho que se percorre na vida e mais especificamente, se consagrou como o caminho que se percorre na vida profissional ou acadêmica e este pode ser mais sinuoso e esburacado para alguns e mais suave e estrelado para outros. Estas diferenças têm a ver com o “veículo” que estamos dirigindo nesta estrada, ou seja, nós mesmos.
Nós nos diferenciamos quanto aos conhecimentos, habilidades e atitudes, além da inteligência, personalidade e motivações. Muitas vezes, o veículo que conseguimos é resultado de oportunidades que recebemos na vida de nossos familiares ou que conquistamos a duras penas. Alguns atribuirão parte da suavidade e velocidade do trajeto a sorte ou ao Q.I. de “quem indicou” – mas nenhum destes dois fatores dá conta do recado sozinho.
Plano de Carreira pode ser interpretado de duas maneiras: o plano que nós pensamos para nós, como começamos a explicar acima, e este ninguém pode nos impedir de fazer – ainda que esteja totalmente fora da realidade. Somos donos de nossos sonhos!
Estes planos são úteis, sem duvida, para organizarmos nosso dia-a-dia e nossos próximos passos na vida e na carreira, mas quantos de nós não acabamos nos transformando vitimas do plano como uma sentença de infelicidade eterna. Muitos leitores escrevem relatando este momento – descobrem depois de anos num caminho que não lhes trazem felicidade e sentem muita dificuldade de fazer uma retorno ou uma conversão para a direita de sua realização. Para estes, recomendo, modestamente, outro artigo publicado no Vya Estelar – “Encruzilhadas de Carreira” – clique aqui.
Jurássico plano
No entanto, o outro significado de Plano de Carreira é aquele documento bonito com datas definindo cada cargo que vamos ocupar nos próximos dez anos de nossa carreira com um empregador. Este Plano de Carreira acabou há mais de 20 anos mas ainda as pessoas entram nas empresas com a expectativa de um plano estruturado e garantido para sua carreira – doce ilusão. Esqueça!
Este sonho acabou quando acabou a ilusão de que as empresas podiam garantir emprego do Jardim da Infância à Aposentadoria de seus empregados. Junto com a extinção da estabilidade do emprego, veio o conceito de meritocracia e a lealdade opcional dos colaboradores das empresas veio junto.
A somatória ou a derivada desta nova realidade propõe uma relação diferente entre empregados e empregadores – aquela de troca de talentos e resultados por remuneração por desempenho e crescimento profissional – enquanto ela for benéfica para ambas as partes. Assim, aqueles que tiverem melhor desempenho comparativo em uma equipe, terão mais chances de manter seu emprego e até ganhar algum incentivo financeiro por isso. Aqueles que estiverem mais bem preparados, com conhecimentos, habilidades e atitudes, quando surgir uma oportunidade na empresa, serão identificados e, no momento oportuno, poderão (não com certeza) ser promovidos.
Depois desta promoção, zera-se o odômetro (que marca a quilometragem bem entendido, não o odor da situação que pode não ser agradável, dependendo de estarmos sendo promovidos ou preteridos…) e começa tudo novamente. Temos que nos provar diariamente nosso talento – aquele mistura rara de competência e paixão pelo que se faz.