por Roberto Goldkorn
No século passado muitos acreditavam ser apenas uma “frescura”, ou na melhor das hipóteses de uma “fase” que logo iria passar. Mas a depressão avançou, e pode se dar ao luxo de receber mais atenção do stablishment médico. Isso aconteceu em outras áreas como o sono por exemplo, onde até uma especialidade médica a ele se dedica.
Hoje sabemos um pouco mais sobre a depressão, e uma coisa é certa, não é frescura, e não se trata de uma instabilidade psicológico-emocional que logo vai passar. Ainda assim para a maioria dos médicos o diagnóstico é difícil, o que torna o tratamento um jogo de azar. Para a Organização Mundial de saúde, em 1990 era quarta causa de causa para tratamentos médicos. A projeção é que para 2020 seja a primeira em países em desenvolvimento e a terceira em países desenvolvidos. Isso é uma catástrofe, em termos da sociedade como um todo e sem dúvida para cada um dessas pessoas representadas por números.
A depressão só perde para a hipertensão como a condição crônica mais comum encontrada na prática clínica. Estima-se que das pessoas que cometem suicídio, de 40 a 60% estavam sofrendo de depressão grave. Uma parte significativa dessas pessoas estava sob cuidados médicos, sendo tratados de sintomas que em última análise configuram a depressão (insônia, perda de peso, fadiga crônica, dores, perda de interessa na vida, falta de concentração, disfunção do desejo sexual, etc). Mas sem o diagnóstico de depressão esses pacientes não entraram no rol dos suicidas em potencial. Hoje os médicos bem informados sabem que a depressão aumenta o risco de enfarte, além disso, parece haver uma ligação forte entre a depressão e a ocorrência do Mal de Alzheimer no futuro.
As pesquisas apontam para um componente genético tanto para a depressão quanto para a tendência ao suicídio. Mas isso ainda é pouco para municiar-nos contra esse flagelo. Sou um entusiasta das pesquisas médicas que em breve vão poder nos fornecer melhores e mais potentes armas contra essa doença. Porém, acredito em algo mais, acredito no fator espiritual.
Fator espiritual
Já sei bem que alguns estarão rindo, ou apenas sorrindo das minhas crendices, e mentalidade anticientífica. Compreendo perfeitamente esse ponto de vista e tento aprender a conviver com ele, embora os meus antagonistas não saibam conviver com os meus pontos de vista, mas assim caminha a humanidade. Como vejo o mundo espiritual não só como parte integrante de nossa realidade, mas principalmente como sua semente, não posso arrancar fora a possibilidade de um sério desequilíbrio espiritual.
Mesmo que você venha a me dizer que já mapearam a geografia cerebral da depressão (uma cascata de glucocorticóides que danifica algumas estruturas do hipocampo), isso ainda não elimina a hipótese espiritual. Sabemos por exemplo que a manifestação mediúnica põe em funcionamento estruturas físicas do cérebro e interfere em sua química. Até aí nada de mais. Somos uma unidade tripartite, onde o corpo físico interage com a mente extrafísica e esses com o espírito mais extrafísico ainda (isso na minha opinião).
Não acho produtiva essa cizânia entre a ciência médica oficial e as outras ciências, mesmo porque cada vez mais médicos adotam a visão espiritual e não se sentem menos médicos por isso. Mas aqueles que sofrem da doença e aqueles que irão dela ser vítimas no futuro se beneficiarão de uma parceira entre esses mundos, que nós separamos.
Para terminar vou relatar um caso do qual fui protagonista
Uma cliente me procurou reclamando do fato de seu atual namorado ter mudado da noite para o dia de comportamento e temperamento. Ele passou a ficar mais agressivo, mais obsessivo, mais paranóico. Fez diversas ameaças a ela, começou a assediá-la, persegui-la, imaginar traições em cada esquina. A coisa cresceu tanto que resolvi interferir.
Convenci o tal sujeito a fazer uma consulta. Imediatamente senti que ele estava em profundo desequilíbrio psicológico e talvez espiritual. Minhas dúvidas se confirmaram quando lhe perguntei se algum parente havia morrido recentemente. Ele confirmou. Soube há poucos dias que um tio seu, matador profissional de ofício, havia sido morto numa emboscada no interior de Mato Grosso com mais de quarenta tiros (o fato se deu há cerca de quatro meses, mas como o tal tio costumava desaparecer por vários meses ninguém notou o sumiço).
O sobrinho nutria uma admiração pelo matador, e relatou que realmente de uns três ou quatro meses para cá (antes de saber da morte do tio) estava muito mais ansioso, estava fumando o dobro de cigarros (o tio fumava quatro maços por dia), estava bebendo muito (o tio entornava uma garrafa de pinga de uma virada só), e pensamentos sinistros habitavam a sua mente constantemente, de forma completamente incomum. Tentei começar um tratamento com ele, mas avisei a minha cliente que se afastasse de qualquer maneira. Ele ainda fez umas duas sessões, mas estava muito perturbado. Menos de um mês depois do nosso primeiro encontro ele telefonou para a minha cliente e deu um tiro na cabeça enquanto falava ao telefone com ela.
Poderia contar outros casos, dezenas deles observados ao longo desses trinta anos. Para os mais céticos de nada adiantaria pois ou encontrariam explicação baseadas em hipóteses médicas ou desqualificariam a credibilidade do meu testemunho.
Mas fica aqui essa contribuição para a discussão do tema. Tragam para a mesa de reunião o aspecto espiritual. Pacientes e familiares agradecerão.