por Blenda de Oliveira
Depoimento de uma leitora:
"Há uns meses descobri que a minha filha corta o braço com gilete. Fiquei desesperada, gritei com ela, disse que ela era maluca, entrei em pânico, me deu angústia, desespero e chorei depois sem ela ver. Depois aconteceu de novo e eu conversei com ela e disse para não fazer mais e tenho dado atenção a ela, mas infelizmente ela fez outra vez e não quer ir ao psicólogo. Ela tem 14 anos. O que faço? Tenho medo dela se matar."
Resposta: A automutilação tem sido um problema frequente e serio entre os adolescentes. Muitas vezes os pais não sabem o que está acontecendo e, com razão, se apavoram quando dão conta da situação.
Há muitas razões envolvidas na automutilação. Desde uma necessidade de imitação do grupo – há grupos nas redes sociais criados por adolescentes que defendem o ato ou mesmo na escola – até motivos mais profundos e complexos que precisam ser cuidados por um profissional.
É comum observarmos que a maior parte dos adolescentes que se automutilam possuem dificuldades importantes com a imagem corporal e autoestima – a forma como se enxergam é distorcida para o negativo. Além disso, nem sempre conseguem nomear suas angústias e desesperadamente marcam no corpo os instantes de conflitos e desamparo por não saberem como lidar com as inúmeras situações emocionais que emergem nesse momento.
Sugiro que você procure uma ajuda profissional para orientá-la como lidar com sua filha. Quem sabe assim, aos poucos, consiga mostrar a real necessidade dela conversar com um profissional da área da psicologia. Não espere ela concordar, busque você. Quanto melhor compreender o que vem ocorrendo, melhor será sua atuação ao lado da sua filha nessa situação.
Sem dúvida ela precisa de ajuda e, com certeza, está sofrendo.
Digo o mesmo em relação a você: precisa de ajuda, não tente lidar com isso sozinha. Brigar, se apavorar, entrar em desespero não ajuda. Pelo contrário, ela (sua filha) encontra formas de esconder os cortes e a relação de vocês ficará sobrecarregada de tensão. Agora o momento é buscar compreensão e calma para toda a família colaborar na busca de resoluções.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo ou médico e não se caracteriza como sendo um atendimento.