Por que controlar seu desejo de agradar

O desejo de agradar tem como manifestação recorrente dizer ‘sim’ quando a preferência seria por dizer não e isso pode trazer muitos problemas. E mais: 5 dicas para quem tenta agradar o tempo todo no ambiente de trabalho.

Estamos todos suscetíveis aos efeitos da síndrome de querer agradar aos outros, sejam crianças, adolescentes, adultos e pais. A psicóloga Harriet B. Braiker fala sobre as pessoas que estão sempre tentando agradar em seu livro “Disease to Please” de 2002. A autora comenta que: “As pessoas costumam dizer ‘sim’ quando preferem dizer ‘não’, desencadeando muitos problemas.” E arremata dizendo que para algumas pessoas a necessidade incontrolável de aprovação dos outros é como um vício.

Estatisticamente, o comportamento de querer agradar alguém é mais proeminente nas mulheres do que nos homens. Um estudo de 2010 mostrou que 54% das mulheres sofrem mais os efeitos adversos na saúde mental e física por comportamentos de agradar às pessoas, em comparação com 40% dos homens.

As pessoas que agradam muitas vezes começam na infância, quando não é dada a permissão para se colocar em primeiro lugar. Ao valorizar os outros mais do que nós mesmos, delegamos os reforços de nosso valor para o mundo exterior.

Braiker desenvolveu algumas dicas para ajudar as pessoas a lidar com a redução desse comportamento no trabalho. Se você é capaz de praticá-los, você deve experimentar uma melhoria notável, sem arriscar relacionamentos que você construiu com o desejo de ser útil.

Com a retomada do trabalho presencial na atual fase da pandemia, vem à tona o desafio de expressar comportamentos agradáveis nas pessoas no ambiente de trabalho. Esse pode ser um recurso para prevenir e projetar uma imagem de trabalho segura. Olhar e sentir-se autoconfiante pode gerar empoderamento positivo no trabalho. Também deve melhorar o seu desempenho, aumentar os sentimentos de autoestima e colocá-lo em um caminho para satisfazer seus objetivos de sucesso.

5 para quem tenta agradar o tempo todo no ambiente de trabalho

Dicas da Braiker:

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  1. Seja honesto consigo mesmo e evite se vender demais para provar seu valor para um colega ou supervisor. Confie e acredite no seu próprio valor em vez de tentar agradar demais. Lembre-se que tentar agradar demais um supervisor pode sair pela culatra. Pode afetar negativamente sua visão de si e diminuir sua autoestima.
  2. Se você errou, só peça desculpas uma vez pelo erro. Não podemos agradar a todos o tempo todo. Somos humanos, não robôs. Quero crer que não erramos intencionalmente. Lembre-se que o crescimento pode vir de nossos erros e não se puna por eles. Costumo dizer que só erra quem faz!
  3. Liberte-se de compensar e se sentir responsável por erros cometidos por outras pessoas ou colegas de trabalho. No entanto, aprenda com os erros dos outros da mesma forma que você aprende com os seus.
  4. Controle seu impulso de antecipar as necessidades da outra pessoa ou de se oferecer para fazer o trabalho de alguém; a menos que seja solicitado a fazer. Você pode sentir que está sendo gentil e generoso, mas se não for recíproco em algum momento, poderá alimentar um sentimento de ressentimento.
  5. Dê um tempo antes de se envolver em atividades para poder afirmar o seu valor. Você pode não querer ser sempre aquele que está organizando o happy hour ou trazendo docinhos. Permitir que outra pessoa se envolva em ações que beneficiem você e os outros colegas ajudará você a desenvolver mais sua autoestima e confiança.

    E por fim, acreditar honestamente que as pessoas querem estar com você por causa de quem você é; e não por causa do serviço e facilidades que você oferece. Isso ajudará você a construir uma base sólida para seus relacionamentos. Certamente, isso melhorará sua autoconfiança e sentimentos de amor e o levará a uma satisfação mais sustentável em sua vida.

Coordenador do serviço de atendimento a pacientes com tricotilomania no PRO-AMITI/IPq FMUSP. Supervisor clínico na UNIP. Psicólogo pela Universidade Metodista. Mestre em ciências pela Faculdade de Medicina da USP. Especialização em Terapia Cognitivo-comportamental pelo Ambulim/IPq FMUSP. Especialização em Psicologia Hospitalar pela UNISA