por Dulce Magalhães
O primeiro aspecto de qualquer diagnóstico é mensurar os resultados que o processo está gerando para poder definir a qualidade do mesmo, quais alterações ou evoluções são viáveis e em que ponto devem ocorrer.
Se não conseguimos enxergar o produto final, não temos como avaliar a metodologia que o produz.
Questão prática: para ajustar o foco é preciso enxergar os resultados obtidos
Saber quais são os resultados é uma questão pragmática. Não importam aqui as razões, desculpas ou justificativas. O que vale mesmo são os resultados concretos e mensuráveis e é a partir desse diagnóstico que se pode perceber a necessidade de promover mudanças e ajustar o foco.
Digamos que alguém tenha uma dificuldade com um colega de trabalho, essa pessoa pode justificar que já fez todas as tentativas de aproximação, já buscou o diálogo, já propôs acordos, etc. contudo o que vale mesmo para efeito de mensuração, é identificar que “a pessoa tem uma dificuldade com um colega de trabalho”.
Assim como nenhuma explicação modifica um resultado, a constatação de um fato pode nos alinhar com o processo de solução de um desafio ou dissolução de um obstáculo.
O ajuste de nosso foco depende, como primeiro e essencial passo, de termos a clareza do que está verdadeiramente acontecendo e não nos perdermos nos labirintos ilusórios de nossas fantasias ou desejos sobre a situação.
Fernando Pessoa, o grande poeta português, traz a sabedoria do resultado num poema cuja lucidez transborda em todas as palavras e nos faz compreender o que já sabíamos, mas de um jeito que nunca tínhamos pensado:
“Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?”
Essa é a orientação que devemos dar ao olhar para que a vida entre em foco. Não basta explicar e justificar todas as condições que haviam para o êxito, no fim das contas tudo que importa é o êxito efetivamente conquistado. Enquanto não soubermos olhar a vida de forma objetiva para ajustarmos o nosso próprio modo de caminhar, a vida também não apresentará resultados diferentes.
Autorresponsabilidade deve ser o modus operandi da realidade, de forma a gerar condições de poder e realização.
Poder é a capacidade intrínseca que nos permite perseguir e conquistar propósitos. Quando terceirizamos nosso poder, colocando nas mãos de outros ou das circunstâncias a responsabilidade de definir nossos caminhos e, portanto, nossos resultados, estaremos sujeitos aos interesses estranhos ao nosso próprio processo.
Trazer para si a responsabilidade é também assumir o poder de realizar a vida à sua imagem e semelhança e não a partir das escolhas alheias. Para isso é preciso ter a clareza de que os resultados alcançados, sejam eles desejados ou não, precisam ser percebidos e aceitos como são para que o processo possa, de forma efetiva e bem focada, ser alterado e ampliado.
Em síntese, somos o que fazemos e vivemos o que alcançamos, independente de nossas elucubrações e fantasias a respeito do assunto. Reflita sobre isso.