Por Samanta Obadia
O afeto é pontual. Ele, manso, entra e sai sem pedir licença. Ele afeta porque se intromete no centro do outro. Ele invade e faz vibrar, pulsando. Tum, tum, tum!
O afeto nos afeta, nos torna brincalhões, nos arranca o medo de sentir o toque e nos faz sorrir retribuindo o sorriso de quem passa.
O afeto afeta, sem apertar. O afeto faz o feto crescer sadio e o cérebro ter bem-estar.
Ahhh! Como eu gosto de ser afetada e de afetar. Provocar lágrimas e gargalhadas sufocantes no meio da multidão, que exala esse cheiro bom de gente, que faz barulho de tanto rir, de tanto acarinhar os sentidos até chegar ao céu da boca, que transmite tantos sentimentos enquanto rima palavras soltas.
Ah! As palavras não valem mais que os olhares, nem pesam mais que os sorrisos. Mas elas voam belamente da voz ao ouvido, de um coração ao outro, massageando carinhosamente nosso interior.
Afete-me! Ajude-me a enfeitar essa Terra com dentes, com olhos, com lágrimas e com batimentos cardíacos descompassados. Tum, tum, tum!
Afete sem medo de tocar o outro, liberte-se e estenda a sua mão, deixando que alguém lhe toque. Troque tudo de lugar. Saia de si. Entre no outro. Saia do outro. Entre em si. E volte, volte sempre para qualquer coração, porque a chave há de estar ali, no centro do afeto do feto que ainda é você!