Por que o psicopata está em alta?

por Roberto Goldkorn

Nessa semana que passou o tal Lindemberg que sequestrou, torturou e assassinou a menina Eloá, foi ouvido pelo juiz e vai a júri popular. Outro da sua espécie assassinou a ex-namorada dentro da academia de ginástica onde ela trabalhava e acabou de ser preso.

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Na novela das oito a megapsicopata Flora dá o seu show de maldades e “encanta” o respeitável público.

Como podem ver os psicopatas estão em alta no mercado da exposição pública. É claro que dezenas de outros crimes foram cometidos nesta semana no país e a maioria certamente não teve a participação de psicopatas: Nem todo criminoso é psicopata, nem todo psicopata é criminoso no sentido judiciário. Mas todos fazem um baita de um estrago nas nossas vidas. Isso é inegável.

Psicopata: perfil

O indivíduo classificado como psicopata tem um distúrbio de comportamento que pode ir do mais leve, ao mais grave, onde ele é considerado um sociopata, ou seja, um inimigo declarado da sociedade e suas instâncias. Mas não nos enganemos, o psicopata não é louco, não rasga dinheiro e nem come cocô. Intelectualmente ele ou ela são perfeitos, se é que se pode usar essa palavra. Sua disfunção está nos centros que controlam e ditam o nível das emoções e sentimentos.

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Por algum defeito de fabricação o psicopata não consegue sentir identificação com o outro. Esse negócio de se colocar no lugar do outro, simplesmente não existe, assim não tem dó, nada de piedade, zero de compaixão, não se solidariza com a dor do próximo, principalmente se essa dor estiver sendo infligida por sua ação. Como são desprovidos de freios éticos, morais, eles se sentem mais livres que a média das pessoas para ir em frente em sua missão. Essa missão está acima de tudo e de todos, e eles farão de tudo para completá-la, nem a polícia, nem a opinião pública, nem os prantos de sua mãe o farão recuar, depois fingem que se arrependem.

Mas o maior problema para nós, é que os psicopatas quando morrem em pleno gozo de sua psicopatia, não conseguem mudar e voltar diferente. Ao contrário. Como são um monobloco mental, eles se agarram ao seu script de vítimas do sistema para reforçar a sua demência emocional e muitas vezes reencarnam mais fortes em sua obsessão psicopata. Vocês acham que há alguma chance do padre Torquemada (procure no Google), o mais sanguinário inquisidor da Igreja espanhola (e de todo o mundo conhecido) voltar arrependido de suas atrocidades? Duvido. Sua extrema habilidade de usar os truques da mente vai justificá-lo e ele voltará mais raivoso, mais fanático que nunca. Se perceber que a sua antiga igreja mudou, se humanizou, não queima nem tortura mais os “hereges” vai migrar para alguma seita que ainda tenha a intolerância como regra básica. Por isso podemos assistir a anacronismos como de certas religiões e seitas fundamentalistas que ainda querem “matar e esfolar” os infiéis, enquanto prometem um céu de delícias e prazeres inenarráveis aos que se martirizarem pelo seu deus. Tudo obra de psicopatas.

Por isso torço para que os psicopatas não morram jovens (com todo o ônus para as pessoas que a sobrevida deles pode causar). Sempre tenho esperanças de que a idade e que poderosas porradas da vida possam alterar-lhes e consertar esse parafuso solto, ou encapar esse fio desencapado. Não é uma tendência inescapável. Conheci psicopatas de 85 anos fazendo graves estragos na vida dos outros, principalmente nos familiares mais próximos. Mas sempre há uma esperança de que um Saulo se transforme em Paulo.
 

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