por Arlete Gavranic
Parte das mulheres está traindo sem ter um motivo aparente para isso e parece também em alguns casos não existir sentimento de culpa.
Mas o que leva à traição?
A psicóloga Maria Helena Matarazzo lembra que o fato do casamento estar ruim, faz com que algumas partam em busca de envolvimento afetivo.
Mas é engano pensar que é só em busca de afeto que elas estão. A traição também é uma reação à monotonia sexual ou frieza sexual que se instala em alguns casamentos. Hoje a busca por uma vida sexual prazerosa e ativa não é mais uma prática estritamente masculina.
As desilusões com o relacionamento também acabam motivando a busca extraconjugal.
Outra queixa é de que alguns parceiros sempre se demonstram cansados ou distantes por excesso de trabalho.
Existem as longas separações motivadas por trabalho ou cursos. Muitos passam semanas e às vezes meses trabalhando ou fazendo um curso sem ter a possibilidade de voltar para rever a família, e nesses casos a carência pode se instalar em ambas as partes.
Fora isso, os conflitos, mágoas emocionais, lidar com as manias do outro o desgaste de lidar com os vícios. O consumo de bebidas ou drogas trazem à mulher uma sensação de insignificância e faz com que muitas fiquem mais atentas às suas necessidades de afeto e intimidade.
Novos tempos
Se antes as mulheres orgulhavam-se de ter um companheiro e entender que homens nem sempre eram afetivos ou interessados na qualidade afetiva/sexual do relacionamento. Hoje elas buscam um parceiro atento às suas necessidades. A falta de reciprocidade gera um sentimento de vazio, uma porta aberta para relações extra-conjugais.
Mas elas realmente estão traindo sem culpa?
Essa pergunta sempre vem à tona. O crivo moral de nossa criação traz o sentimento de culpa por fazer coisas erradas e a infidelidade também estaria sob essa perspectiva.
Mas é fato que algumas mulheres começam a viver a infidelidade conjugal sem culpa. Muitas não enxergam na infidelidade sexual algo de errado, pois em seus relacionamentos “oficiais” a demonstração de carinho e o interesse sexual muitas vezes deixaram de ser o motivo de estarem juntos.
Muitos relacionamentos conjugais, por falta de investimento do casal ou por diferenças pessoais que surgem no transcorrer do tempo, perdem o caráter afetivo/sexual de conquista, desejo e prazer. Muitos passam a viver um amor amigo ou fraternal.
Para outras, essa busca pode ser uma autoafirmação, o sentir-se desejada, valorizada como mulher, a possibilidade de viver o prazer sexual com qualidade, a aventura, o “ideal” de sexo.
Existem também as que buscam relações de partilha: afeto, crescimento, amizade.
Infidelidade sinaliza que o relacionamento acabou?
As pessoas tendem a criticar, a julgar moralmente qualquer fala que sinalize traição. Sei que o tema ainda é difícil de ser tratado. Em muitos casos, onde o amor amigo está presente e existe a saudosa vontade de reviver e resgatar uma cumplicidade, é possível que haja um resgate da relação afetivo/sexual.
Em casos onde esse vínculo se desfez há muito tempo, sem julgar, é preciso entender o que mobilizou a infidelidade.
Muitas vezes a infidelidade pode ser uma forma de resgatar a sexualidade. Uma chance para o casal buscar esse (re) encontro bioquímico, que resgate a pessoa no prazer e na cumplicidade de sentir-se através e com o outro, um ser desejado e especial.
Dicas de leitura:
Encontros, Desencontros e Reencontros: Maria Helena Matarazzo:
Vivendo, amando e aprendendo: Leo Buscaglia – Por que amamos? Helen Fischer