por Elisa Kozasa
Esta semana estava ouvindo uma música que o cantor havaiano Jack Johnson fez para o filme – desenho animado – Curious George (2006), direção Jun Falkenstein .
É de um CD que ele fez para crianças e fala exatamente sobre estes três “Rs”: reduzir, reutilizar e reciclar. Acho ótimo que as crianças cresçam sabendo da importância dos cuidados com a ecologia.
Há mais de vinte anos atrás quando comecei a cursar a faculdade de Ciências Biológicas, a ecologia era uma disciplina em ascensão. Atualmente, é tema central de diversas pesquisas, incluindo um recente prêmio Nobel 2007, dividido entre Al Gore e um importante grupo de cientistas, o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas.
Não há quem não perceba, por exemplo, as alterações nas estações do ano que estão acontecendo e que podem ser atribuídas, ao menos parcialmente, à ação humana.
Muitas vezes nos sentimos impotentes perante o que está acontecendo com o nosso planeta. Por outro lado, por trás de um sentimento de impotência costuma estar presente um outro, de comodismo, que pode ser traduzido como: é mais fácil deixar para os outros cuidarem de algo “tão importante”. Só que cada vez mais está claro o sentido de nossa interdependência, de como cada uma das nossas ações pode repercutir nos demais. Por exemplo, se deixamos de nos preocupar em reciclar nosso lixo doméstico, não podemos esperar que nossos filhos ou vizinhos o façam também algum dia.
É claro que devemos esperar e cobrar (por exemplo, através do voto) das autoridades e instituições uma postura em direção aos cuidados com nossa sustentabilidade planetária. Porém, assumir a responsabilidade pelo destino da vida humana (incluindo a nossa e de nossos descendentes), implica em mudanças inicialmente individuais. Reduzir nosso consumo pode ser uma dessas atitudes de responsabilidade: onde está o limite entre o que precisamos e desejamos futilmente? Não falo aqui de uma vida espartana, mas de uma vida mais inteligente: quanto tempo perdemos indo atrás do que não precisamos? Quanto gastamos e deixamos de poupar comprando o que não precisamos, chegando até mesmo a comprometer nosso orçamento mensal? Será que refletimos sobre quais são as prioridades de consumo?
Conheço bem mais de uma dúzia de pessoas que têm um carro novo ou quase, e fazem questão de ostentá-lo, a duros financiamentos, enquanto não têm sequer perspectivas de quitar seu apartamento ou casa própria, fazendo dívidas que talvez possam ser pagas em quinze ou vinte anos (ou não). Me preocupa como ficarão os sistemas de previdência pública e como eles poderão sustentar uma geração de pessoas que não conseguiu poupar nada (e talvez teria condições financeiras para tal), por falta de controle ou educação financeira.
Reutilizar e utilizar o que temos o máximo possível são outras metas que podemos incorporar em nosso dia-a-dia. Comprar por exemplo objetos ou roupas que estão por demais vinculados a modismos, é atribuir-lhes uma vida útil mais curta do que poderiam ter. Comprar coisas muito baratas e de baixa qualidade, provavelmente advindas de contrabandos podem dificultar atingir essa meta.
Muitas vezes vale a pena comprar algo um pouco mais caro, mas que nos trará a garantia de convivência de muitos anos. Reformar pode ser outra opção interessante e inteligente para muitos objetos, inclusive móveis.
E se realmente tivermos algo para passar adiante, podemos verificar se há alguém de nosso círculo de contatos que pode utilizar este algo, ou até mesmo instituições de caridade que podem dar ainda um direcionamento útil para ele por algum bom tempo.
Dicas de áudio e vídeo:
– Sing-A-Longs & Lullabies for the Film Curious George (cd de Jack Johnson)
– Uma verdade inconveniente (filme com Al Gore) Direção: Davis Guggenheim (2006)