Emoções dolorosas são universais. Todos nós as sentimos da mesma forma. Estamos conectados pelos mesmos sentimentos.
Sabe aquela história que você não quer se sentir ansioso, ai você se sente ansioso por sentir-se ansioso. Ou se você se culpa por sentir raiva, então sente raiva e se sente culpado, ansioso e confuso… E se você acredita que jamais deve sentir inveja de alguém que está em melhor situação que você, fatalmente você terá dificuldades para enfrentar as desigualdades da vida diária.
O fato é que nós, humanos, temos uma gama de emoções que nos ajudaram a nos adaptarmos aos riscos, aos conflitos e às demandas da vida em um mundo de escassez e perigo. Esse fato é bem antigo, nossos ancestrais pré-históricos lutavam contra a fome, a privação, as ameaças de outros humanos e contra animais perigosos. A vida era frequentemente brutal, repleta de mortes e perdas repentinas. Assim, nossas emoções evoluíram para nos alertar sobre esses perigos e nos manter alertas.
Emoções dolorosas: as sentimos da mesma forma
Um outro fato é o de que as emoções dolorosas e desagradáveis são universais. Se serve de consolo, você não está sozinho. Todos nós somos capazes de sentir quaisquer das emoções que você experimenta. O motivo por que somos capazes de falar com as pessoas sobre raiva, ansiedade, tristeza, solidão, desamparo e confusão, é que todos já tivemos essas experiências em algum momento das nossas vidas. Estamos conectados por nossos sentimentos!
Se você está se perguntando, por que isso é importante e por que saber que você compartilha emoções com o resto da humanidade faz com que se sinta menos diferente, menos inadequado e menos sozinho. Ilustro, se buscarmos na literatura, há cerca de 45 séculos atrás, um autor anônimo escreveu O Heroico Gilgamesh, considerada a história mais antiga do mundo: “Ele viu de tudo, experimentou todas as emoções, da exaltação ao desespero, lhe foi concedido a visão do grande mistério, os lugares secretos, os dias primitivos antes do Dilúvio”.
Sabemos que os guerreiros clássicos na Odisseia, de Homero, e na Eneida, de Virgílio, choravam, ficavam tristes, sentiam medo, buscavam, vingança e ansiavam por voltar à terra natal.
Shakespeare descreveu o ciúme de Otelo, o desejo de vingança de Hamlet e o sentimento de humilhação e traição do Rei Lear.
Sabemos que em todas as culturas as pessoas lamentam a morte daqueles que amam e que homens e mulheres choram publicamente. As canções que ouvimos nos falam de amor, perda e desejo. Em todos os lugares à nossa volta, as emoções clamam por serem ouvidas. Você sente suas emoções porque ouve o que a vida lhe diz neste momento.
Quase todos em algum momento, sentem de tudo. Você não atravessa a vida inteira sem uma grande variedade de emoções. E não é o único que se sente com raiva, solitário, sem esperança, indefeso, envergonhado, culpado, com ciúmes ou vingativo.
Emoções como medo de altura, de espaços fechados e de estranhos nos dizem que pode haver perigo à frente. Elas nos motivam a escapar ou evitar. Sem a intensidade e o senso de urgência dessas emoções, nossos ancestrais nunca teriam sobrevivido. Então, o medo e a raiva davam a eles senso de urgência, já que escapavam de animais perigosos e humanos ameaçadores. Assim como a sensação de fome nos fala da necessidade de alimento, a solidão nos fala de nossa necessidade de conexão, nossa necessidade de tocar e sermos tocados.
Nossa raiva nos fala sobre nosso senso de injustiça, o significado de equidade e o desejo de defender nosso senso de honra e decência. Quando somos tocados por sentimentos de amor – ou de perda -, as emoções nos comunicam o quanto uma pessoa ou item é significativo para nós. É praticamente impossível passar pela vida desfrutando do significado de conexão, amor e amizade sem experimentar em algum momento sentimentos de perda, decepção e mesmo desilusão.
Por que temos emoções?
Temos emoções porque as coisas importam para nós, porque atribuímos significado à experiência, porque nos importamos. Sem emoções, a vida seria vazia, automatizada e sem sentido.