Por Edson Toledo
Entendemos o suicídio na adolescência como o ato de tirar a própria vida em um jovem entre os 12 e os 21 anos. Uma das explicações é o fato de que é na adolescência que ocorrem uma série de transformações que podem gerar inúmeros conflitos internos e externos na vida dos adolescentes.
Nesta fase da vida, que é um período de grandes transformações em que os jovens correm maior risco de depressão, o que pode levá-los a submeterem-se às pressões vinda de seus colegas, família ou mesmo pela sociedade.
A estimativa global da Organização Mundial da Saúde é de que até 10% da população adolescente mundial cometa algum ato de violência contra si.
O documento recomenda fazer mais investimentos e dar atenção especial às pessoas nessa fase da vida, onde grandes frustrações e incertezas despontam: "Jovens normalmente tomam responsabilidades de adultos como cuidar de irmãos menores, trabalhar, ter de abandonar os estudos, casar cedo, praticar sexo por dinheiro, simplesmente porque precisam dar conta das necessidades básicas de sobrevivência. Como resultado, eles sofrem de desnutrição, acidentes, gravidez indesejada, violência sexual, doenças sexualmente transmissíveis e transtornos mentais", resume o documento.
Cerca de 90% dos suicídios estão ligados a transtornos mentais diz especialista e o preconceito em torno das doenças mentais faz com que as pessoas não procurem ajuda. Acredita-se que perguntar se a pessoa tem pensamentos suicidas vai estimulá-la, mas não nos esqueçamos de que isso pode levá-la a procurar ajuda.
Outro aspecto comentado por especialistas no assunto é a existência de uma depressão própria na adolescência, mas que não podemos chamar de um transtorno mental, já que pode fazer parte do complexo processo de mudanças emocionais e fisiológicas que a criança faz na transição para a vida adulta. Não nos esqueçamos de que é neste período que eles almejam a sua autonomia no mundo ignorando a participação dos pais.
Outro aspecto a considerar, são os conflitos relacionados ao autoconhecimento e à construção de sua identidade, exploração da sua sexualidade, definição e busca de uma profissão, entre outros fatores.
O suicídio, ou a morte acidental causada por atitudes autodestrutivas, foi a terceira causa de mortalidade de adolescentes em 2015, totalizando 67 mil mortes. Em sua maioria, as vítimas são adolescentes mais velhos.
Em regiões com boas condições econômicas como a Europa, o suicídio também aparece entre as principais causas. Cortar a si mesmo é o tipo de autoviolência (veja aqui) mais comum observado no continente.
Questões sociais como, por exemplo, a orientação sexual pode levar o adolescente a desenvolver um quadro depressivo. Vejamos dados de uma recente pesquisa de dezembro de 2017 onde os pesquisadores ouviram 15 mil adolescentes do ensino médio; se eles já haviam considerado, planejaram ou se já haviam tentado tirar a própria vida. Vejamos dados específicos levantados da pesquisa, 40% dos adolescentes LGBTs consideraram cometer suicídio, 35% chegaram a planejar e 25% tentaram efetivamente se matar.
Estima-se que no Brasil, ocorram 24 suicídios por dia. Por outro lado, o número de tentativas é até 20 vezes maior que isso. As pessoas costumam dar sinais antes de uma tentativa.
Texto continua em – Sinais diretos e indiretos de ideação suicida no adolescente – clique aqui