De A a Z o significado do que trocamos enquanto amamos: cabeça de casal

Verbete explicado a partir do e-mail enviado por esta leitora:  

“Meu marido não se posiciona como ‘cabeça de casal’ e tão pouco como provedor do lar. Tenho que trabalhar de igual pra igual se quiser uma melhoria na casa ou realizar algum outro desejo. Ele só prioriza os desejos dele,  não gosta de discutir nada e nem aceita opinião alheia. Vivo na exaustão. Será q esse relacionamento tem como continuar?”

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Por Anette Lewin

Será que o termo “ cabeça de casal” , que você usa no seu e-mail, é compatível com o tipo de relacionamento que um homem e uma mulher que trabalham estabelecem entre si?

Certamente esse termo se aplica a uma relação que prevaleceu durante algum tempo, onde o homem era provedor dos víveres necessários à subsistência da família e a mulher a responsável por cuidar da distribuição desses víveres, da prole e da organização familiar. Como quem não come não sobrevive, e quem cuida da prole não pode sair para caçar, o homem acabou adquirindo um certo poder de comando sobre a mulher e a cria. Afinal, sobrevive-se sem prole, mas não sem alimento. Esse poder durou até que … a mulher começou a ser provedora também. Antigamente, plantando, hoje trabalhando.

É a situação em que uma boa parte dos casais se encontra hoje. Inclusive você.

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O problema é que quando os costumes mudam quem não chora não mama. E assim como você, ainda hoje, muitas mulheres que trabalham não conseguem reivindicar seus direitos. Nem entender direito seus deveres.

Vamos a eles então. Se você optou por trabalhar, certamente em algum momento pensou em liberdade. Certamente também deve ter pensado em ser útil à sociedade de uma forma mais atuante do que apenas sendo dona de casa ou mãe. Nada de errado em fazer opções; nada de errado em ser apenas mãe e dona de casa. Mas o importante é o que se combina com o parceiro no momento do contrato de casamento. Pelo tipo de queixa que você faz, parece que essa questão não foi abordada. E a confusão está armada.

Mas nunca é tarde para se tentar. Nesse momento é imprescindível uma conversa onde a distribuição de direitos e deveres seja retomada. Como as contas devem ser divididas? Quem faz o quê na casa? Quanto vale a contribuição que cada um faz excluindo-se o salário? E por aí vai… Melhor uma conversa séria, profunda e mais abrangente do que ficar discutindo qualquer gasto novo e torrando energia com essas discussões.

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No seu casamento não existe “cabeça de casal”. Ambos trabalham. Se seu marido ganha mais do que você e pode realizar mais desejos de consumo pessoais, sorte e mérito dele. Se você acredita que parte do seu salário deva ser reservada para suas necessidades pessoais lute por isso. Alguns casais dividem as contas proporcionalmente ao que ganham porque sentem que é mais justo; outros não. Alguns homens ajudam nas tarefas domésticas porque acham que é mais justo. Outros não. Enfim, o segredo de uma relação tranquila e equilibrada é a ponderação de direitos e deveres estabelecida pelo casal.

Acabou-se o tempo em que quem trabalhava mandava e quem ficava em casa obedecia. Hoje as regras são estabelecidas pelo próprio casal e o que foi combinado nunca sai caro. É claro que discutir regras é mais difícil e menos agradável do que posicionar-se romanticamente acreditando que casamento sempre terá um final feliz. Não terá sem esforço, persistência, dedicação, compreensão e ponderação. Criar regras abrangentes dá trabalho. Mãos à obra então.
 

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.