Por Tamara Mazaracki
O corpo armazena gordura em diversos locais para uso posterior como fonte de energia. O fígado contém alguma gordura naturalmente, porém se este teor é muito alto pode causar a doença hepática gordurosa (esteatose). Neste processo, o tecido normal e saudável do fígado vai sendo infiltrado por moléculas de gordura. O fígado aumenta de tamanho, fica inchado e perde a sua funcionalidade plena, podendo progredir para sérios problemas de saúde. O tratamento para a gordura no fígado inclui mudanças na dieta, perda de peso, prática de atividade física e suplementos como silimarina, curcumina e probióticos, dentre outros. Tão importante quanto escolher bem os alimentos que ajudam a combater o acúmulo de gordura no fígado, é evitar alimentos vilões e outros fatores que contribuem para a esteatose, como excesso de álcool e medicamentos.
Superlaboratório
O fígado é um laboratório de primeira linha, atuando no sistema digestivo humano e com mais de 500 funções identificadas, incluindo o metabolismo de alimentos, armazenamento de energia, remoção de detritos orgânicos, desintoxicação, suporte ao sistema imunológico, produção de bile e de centenas de compostos químicos. A filtração do sangue é uma função essencial do fígado. Todo o sangue do nosso corpo (5 litros em média) passa através do fígado quase 400 vezes por dia – ele filtra 1,4 litros de sangue por minuto! A filtração é vital porque o sangue vem carregado de bactérias, endotoxinas, complexos antígeno-anticorpo e outras substâncias tóxicas provenientes do intestino através da veia porta. Um fígado saudável limpa quase 100% das toxinas do sangue, antes que ele seja devolvido para a circulação geral. Qualquer alteração em sua plena função vai impactar na saúde.
Esteatose hepática
Existem dois tipos de esteatose hepática: de origem alcoólica e não alcoólica. A gordura no fígado está fortemente associada com fatores de risco metabólico, como resistência à insulina, triglicerídeos altos, baixo colesterol HDL (bom), doenças cardiovasculares, hipotireoidismo, obesidade e mudanças na microbiota (flora) intestinal. A esteatose avançada danifica o fígado, dificultando a remoção de toxinas e a produção de bile. Quando o fígado é incapaz de cumprir estas tarefas de forma eficaz, há risco de se desenvolver outros problemas de saúde. A esteatose é um problema grave, e se não for tratada pode evoluir para hepatite, cirrose e câncer.
O que sobrecarrega o fígado?
Alimentos processados, açúcar em excesso (principalmente a frutose derivada do xarope de milho), aditivos alimentares (adoçantes, corantes, conservantes), frituras ricas em gorduras trans e ômega-6 (óleos vegetais como canola, soja, algodão, milho), álcool, tabaco, drogas recreativas e diversos medicamentos. Há também fatores ambientais: poluição, pesticidas, herbicidas, fertilizantes sintéticos. Esta overdose de toxinas alimentares e ambientais dos tempos modernos faz com que o fígado cumpra horas extras para desintoxicar o organismo.
Frutose, frituras e álcool
As pesquisas evidenciam que o consumo exagerado de açúcar (mais de 25 gramas por dia), frutose adicionada em alimentos processados e carboidratos refinados são os principais culpados pela formação da esteatose hepática não alcoólica. Quando se consome grande quantidade de frutose, o fígado transforma este excesso em gordura (triglicerídeos). Frituras, ricas em calorias e gorduras trans, também devem ser eliminadas da dieta, pois contribuem para o ganho de peso e a inflamação. Por outro lado, a esteatose hepática alcoólica é causada principalmente pelo excesso de bebidas alcoólicas.
Referências
* International Journal of Research in Pharmacy & Biosciences 2017. Physiology of the liver.
*Annual Review in Pathology 2018. Recent Insights into the Pathogenesis of Nonalcoholic Fatty Liver Disease.
*Liver International 2018. Hepatic fat as clinical outcome and therapeutic target for nonalcoholic fatty liver disease.
*Alimentary Pharmacology & Therapeutics 2018. Review article: drug-induced liver injury in the context of nonalcoholic fatty liver disease.
*European Review for Medical & Pharmacological Sciences 2017. Fatty liver & drugs: the two sides of the same coin.