por Ceres Araujo
Resiliência é a capacidade de enfrentar rápida, eficaz e adaptativamente as pressões e as tragédias da vida. É a competência para enfrentar adversidades e superá-las com ganhos.
Os últimos avanços das neurociências mostraram que a resiliência é inata no cérebro, criada pela evolução. A atualização do potencial para resiliência irá depender das experiências de vida e de como essas experiências formaram as redes neuronais, determinando o funcionamento do cérebro.
O estresse elevado caracteriza nossa época. Administrar bem situações de estresse, sobreviver a elas e aprender com situações difíceis depende das condições de resiliência do ser humano.
Cinco estratégias para seu filho desenvolver a capacidade de dar a volta por cima
É interessante a proposta da psicoterapeuta americana Linda Graham. Ela considera cinco Cs para o enfrentamento resiliente à adversidade:
1. Calma – permanecer calmo na crise.
2. Clareza – avaliar com lucidez o que está ocorrendo e perceber a reação interna ao ocorrido para buscar alternativas com o fim de fortalecer a capacidade de responder com flexibilidade.
3. Conexão com outros – buscar ajuda se necessário, aprender com os outros, fazer conexão com recursos que possam expandir as opções.
4. Competência – valer-se de capacitações e habilidades aprendidas pelas experiências prévias para agir rápido e efetivamente.
5. Coragem – fortalecer a fé para persistir nas ações até chegar na resolução da dificuldade.
Como ajudar nossos filhos a serem resilientes? Como o cérebro desenvolve a resiliência? Como as estratégias de resiliência começam a ser formatadas?
O cérebro humano é um órgão social. Ele amadurece e se desenvolve na interação com outros cérebros humanos. As primeiras estratégias de resiliência são aprendidas na infância, na relação com as pessoas que são significativas para o bebê, em geral mãe e pai. As respostas dos pais aos comportamentos de apego do bebê influenciam as primeiras e mais permanentes formas de enfrentamento do cérebro humano.
As primeiras estratégias de resiliência se tornam codificadas nas redes neuronais entre os 12 e 18 meses de vida e possuem um permanente significado psicológico. Assim, um apego seguro, isto é a sensação de segurança e confiança que a criança tem em relação a seus pais é a melhor vacina possível contra futuros traumas. A criança que se sente amada, que se sente importante, que se percebe protegida e contida, que tem a certeza de que pode ser ajudada, tem estabelecidos os básicos padrões de resiliência, isto é, ganha as bases neurológicas que o apego seguro fornece: estabilidade e flexibilidade.
À medida que cresce, a criança expande sua rede de relacionamentos e seu cérebro aprende a viver em um mundo cada vez mais complexo, onde ela irá encontrar outras pessoas significantes e outros modelos para seguir, também na história e na literatura. A flexibilidade favorece a abertura aos novos aprendizados e a estabilidade permite o estabelecimento progressivo da noção da própria identidade.
O cérebro aprende por imitação e condicionamento. Pais resilientes criam filhos resilientes pelo exemplo que fornecem. Se a criança aprende, seguindo o exemplo de seus pais, a se tornar calma em uma situação de crise, a refletir a respeito do problema para escolher entre as possibilidades de resposta, se ela consegue se conectar com recursos externos e internos que possui, pois aprendeu a ser competente lidando com eventos difíceis no passado, ela pode encontrar coragem para perseverar no enfrentamento às adversidades e tornar-se exitosa.
Sem dúvida, as primeiras experiências da vida são as responsáveis pela construção inicial das redes neuronais do cérebro, mas também as experiência posteriores, especialmente com pessoas saudáveis emocionalmente, podem recondicionar os hábitos de comportamento pela reconstrução das redes neuronais, o que permitirá enfrentamentos diferentes e mais resilientes.