por Joel Rennó Jr.
A autoestima é a opinião, o conceito e o sentimento que cada pessoa tem por si mesma e pelo seu interior. Através dela é que a valorização ocorre, pela consciência, crença e confiança nas suas habilidades e referenciais próprios. Quando a autoestima está rebaixada, o ser humano sente-se vulnerável e inadequado perante a vida, tendo a sensação de ser incapaz e de estar sempre errado.
Há um tripé de sustentação da autoestima constituído pelo auto-respeito, auto-aceitação e auto-confiança. Relações parentais e sociais, desde a infância podem estruturar de modo favorável ou não a autoestima. Inclusive, convivo na minha prática clínica com adultos até bem-sucedidos, que se desvalorizam constantemente.
Em alguns casos não houve um suporte psico-afetivo amplo por parte dos pais, confirmando e demonstrando suas qualidades e contestando os aspectos negativos impostos pelo coletivo.
O ambiente pode ser um modulador importante na autoestima, daí também a necessidade de que fatores sociais e econômicos desfavoráveis sejam melhorados ou transformados pelas políticas públicas.
Além de fatores genéticos e comportamentais individuais, o estresse vindo do mundo externo contribuem para a baixa autoestima.
Embora a estrutura de personalidade, a depressão e as relações que as pessoas estabelecem com os seus mundos interno e externo influenciem na autoestima, não há como negar que aspectos coletivos como a crise sócio-econômica, desemprego, distribuição desigual de renda, condições precárias de moradia e violência repercutem diretamente na saúde e autoestima das pessoas. O tipo de trabalho e o nível de estresse associado ao mesmo também é um importante fator de risco para a autoestima.
Garantir a autoestima é garantir qualidade de vida e promover a saúde da população. Gastos imensos poderiam ser poupados, direta ou indiretamente.
Estudo: Baixa autoestima pode encurtar a vida
Segundo Michael Marmot, autor de uma pesquisa publicada no British Medical Journal, a baixa autoestima pode encurtar a vida . Pessoas deprimidas têm uma expectativa de vida reduzida, com diminuição da atividade do sistema imunológico e, consequentemente, maior risco para várias doenças, como por exemplo infartos, acidentes vasculares cerebrais (derrames), doenças respiratórias e alguns tipos de câncer.
A baixa autoestima pode influenciar seriamente o comportamento dos indivíduos, levando-os à depressão, ao suicídio e até assassinatos, principalmente, em países onde as desigualdades pessoais e coletivas são discrepantes. Atualmente, a depressão é a quarta maior causa de incapacitação no trabalho, levando a sérios prejuízos.
Hoje sabemos que além das questões biológicas, o meio ambiente também é fundamental na manutenção da saúde mental das pessoas. Aí é que devemos salientar a responsabilidade das instituições governamentais, que reduzem os gastos com o tratamento dos transtornos mentais e principalmente com a prevenção, não havendo um investimento maciço em atenções e ações concretas, na área de saúde pública. Esse pelo menos é o retrato atual, que todos nós esperamos que seja modificado nos próximos anos.
Investir em autoestima é investir no ser humano e contra as mazelas da sociedade, como a violência. Sem querer ser reducionista, será que teríamos tantos crimes hediondos, se houvesse uma política voltada para o bem-estar, manutenção e elevação da autoestima? Será que teríamos tantos problemas de saúde pública?