por Sandra Vasques
Para que você faz sexo?
• Para não ser diferente de todo mundo?
• Para cumprir um dever? Uma obrigação?
• Pra ter filho
• Pra agradar, satisfazer, não pensar demais nisso…
• Pra sentir que tem poder?
• Pra transgredir?
• Para conseguir ter ou manter alguém do lado como seu par?
• Para não ter que lidar com opiniões preconceituosas e negativas sobre você?
• Para não ter que entrar em conflito ou confronto com seu par?
• Para…………..
Você já parou pra pensar nisso? Para que você faz sexo?
Pensar em “para quê” fazemos algo, muitas vezes nos surpreende – como agora. Não é comum fazer essa pergunta, porque a resposta parece óbvia. Mas, em seguida, nos leva a pensar…
– que finalidade, lugar, peso, significado, espaço tem o sexo na nossa vida?
Não vai aqui um julgamento ou crítica, mas é preciso dizer que dar e receber prazer é uma resposta que, sozinha ou combinada com outra, teria grande chance de agradar a maioria. No entanto, muitas vezes ela não está presente. Isso pode incomodar. Descobrimos que não está de acordo com o que idealizamos, ou desejamos, podemos, queremos.
Sexo a princípio é um ato prazeroso.
E quando feito a dois, exige que ambos estejam de acordo que aconteça; que sejam livres e capazes para escolher se querem e como querem transar. E, sendo assim, deveria ser bom para os dois. Mas, o que parece óbvio não é. E na resposta que ouvimos de nós mesmos muitas vezes nos damos conta que o dar e receber prazer passa longe. Mas por quê? Se temos todas as condições e “ferramentas” para isso?
Nosso corpo tem inúmeros lugares para serem estimulados e produzir sensações prazerosas. O clitóris, a vagina, o pênis, o ânus, os mamilos, a boca….só pra ficar nos mais conhecidos. Afinal o corpo todo é um belo parque de diversões a ser explorado.
Nossa mente é capaz de nos levar a lugares e situações das mais diversas possibilidades, nos tornando protagonistas de cenas e histórias altamente excitantes, românticas, estimulantes… Sem contar a criatividade que pode acrescentar brinquedinhos, brincadeiras, roupas sexy e sensuais…
Corpo e mente juntos nos levando ao prazer. Se um fraqueja, o outro apoia, encoraja e nos leva até o objetivo desejado.
Mas o que nos impede de viver o sexo como um ato prazeroso? O que nos leva a tantas outras respostas à pergunta “pra quê você faz sexo”? Vou aqui começar com algumas ideias, mas gostaria que vocês continuassem investigando.
Os vários outros usos que inventamos para ele
Inventamos que sexo é sempre bom e natural para os homens e que mulher gosta menos. Inventamos que sexo é sinal do caráter de uma pessoa, que define se uma mulher é boa ou não pra namorar; que um homem que se recusa a transar deve ter algum problema, que homens precisam ter muitas mulheres, mas elas, quanto menos melhor… Preconceitos, crenças, valores diferentes a respeito do que é permitido a homens e mulheres… O exercício do poder desrespeitando, humilhando, transgredindo.
Colocamos o sexo como personagem principal de tantas outras histórias, que ele deixa de ser um jeito bom, gostoso, de dar e receber prazer.
Falta de informação e de educação sobre o corpo e o prazer que ele pode proporcionar a sós ou em dupla
Esse desconhecimento, tem consequências muito negativas sobre a saúde e a qualidade de vida das pessoas. Nos torna vulneráveis, cria situações perigosas e lamentáveis. Tantas pessoas querendo apenas ter um momento gostoso e que têm como resultado uma gravidez não planejada, uma doença sexualmente transmissível. Não falar sobre sexo dentro da maioria das famílias e nas escolas, faz com que os jovens percebam o sexo como algo que parece ser reprovável. E cada um vai atrás da informação como pode e se permite. E daí, tantas ideias equivocadas e que dificultam uma satisfatória vida sexual de ambos os sexos. Mulheres que nem sequer conseguem tocar seus clitóris porque acham errado; tantos homens inseguros porque acham que seus pênis são pequenos e que por isso não podem oferecer prazer pra uma mulher…. e por aí afora!
Então, minha sugestão é que ao ouvir sua resposta ao “pra quê você faz sexo”, que avalie sua satisfação frente à mesma. E, se quiser mudá-la, tome uma atitude! Não espere mais. Busque informações de fontes confiáveis, apoio de profissionais competentes, conversas francas com seus pares. Mas, em primeiro lugar, procure ter uma visão mais clara de seus valores, crenças, preconceitos. Perceba se ainda combinam com você, com o que deseja. Esse desafio vai exigir coragem para enfrentar seus medos, rever seus limites, questionar verdades absolutas, sair do comodismo.
Mas é a chance de mudar do “como sempre” para o “como for melhor pra mim e pro meu par”.