Por Tatiana Ades
Existe uma afirmação muito comum nos consultórios por parte dos traídos. Esses afirmam que prefeririam que o traidor tivesse morrido ao invés de tê-los traído.
O trair sugere a possibilidade de uma opção, uma escolha, logo o traído se depara com sentimentos de humilhação, baixa autoestima e rejeição.
A mente, no momento do conhecimento da traição, funciona de forma muito rápida acionando em cada um de nós uma sensação diferente.
Caso eu seja uma pessoa que deposito no outro tudo o que eu sou capaz de ter, a traição me trará um luto muito maior do que a perda da pessoa amada. (em morte). “Se ele morre, não foi opção, foi acaso, não houve a escolha, a rejeição, e isso eu posso suportar!”
No caso de uma pessoa internamente resolvida, a morte de quem se ama sugere uma dor muito maior do que a perda pela traição física. Obviamente, sentimentos ruins surgirão, mas eles não trarão a sensação de desejo de eliminação do outro.
Quando eu desejo a morte daquele que me traiu, estou inconscientemente desejando a minha própria morte. Afinal, sem a aprovação total do outro, quem eu sou de fato?
Percebam que a minha existência, dependente da do outro, não pode suportar a rejeição, mas sim a morte, mas a rejeição traz o desejo de eliminação daquele que a causou.
Pensamentos assim surgem em pessoas com identidades muito mal definidas, pessoas que buscam no parceiro uma forma mágica de cura de suas almas sofridas.
“Quando o outro me trai, ele me deixa e dessa forma eu me deparo comigo mesma e minhas imperfeições tão bem disfarçadas acabam retornado de forma assombrosa.”
É importante fazermos as seguintes perguntas a nós mesmos:
– O outro é um complemento ou um espelho meu?
– O abandono é insuportável ou apenas traz tristeza?
– Quem sou eu e quem é o outro de fato?
A fidelidade com nossa própria essência, exige uma constante observação de nós mesmos!