Preguiça na vida a dois

por Arlete Gavranic

Preguiça é um tema recorrente nas queixas de homens e mulheres.

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Preguiça de se arrumar, preguiça de sair, preguiça de cozinhar, preguiça de ir à academia, preguiça de namorar, de trabalhar, de muitas coisas, mesmo que essas possam parecer interessantes.

Essa preguiça gera incômodo na parceria (relação). A preguiça demonstrada por um pode causar no outro uma sensação de rejeição.

O outro não está com vontade de sair ou de sair comigo?

Não se arruma, não se cuida, não quer viajar, passear ou não quer estar comigo?

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Não está com desejo ou não me deseja mais?

Minha experiência de consultório me mostra o quanto as pessoas têm a necessidade de uma avaliação clínica. Muitas vezes a carência de vitamina D, de vitaminas B6 e B12, a carência de ferro, ou uma diminuição dos hormônios da tireoide, podem provocar quadros de cansaço, desânimo que se manifestam com a aparência da pessoa, como se fosse uma preguiça; outras vezes pode até dar a impressão de um estado depressivo, de uma carência de serotonina.

Às vezes pode ser até que reposições de vitaminas e minerais ajudem a melhorar a disposição física, mas muitas vezes estamos falando de um aspecto comportamental, de um psicoemocional que está precisando ser avaliado e estimulado a mudanças.  

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Vivências frustrantes, algumas decepções com pessoas ou situações (um emprego, a casa nova que tem vizinhos inadequados, desentendimentos) podem gerar uma sensação de cansaço, como se psiquicamente se evitasse novos esforços, pois eles podem resultar em situações ou emoções pouco positivas.

Algumas pessoas se deixam levar por esse sentimento e passam a se esquivar de inúmeras situações. Param de se arrumar para sair, pois nunca são elogiadas ou até são criticadas. Evitam sair, pois temem encontros chatos, ou frustrantes, evitam desafios no trabalho com receio de serem mal avaliados, evitam sexo pois nem sempre obtêm prazer!

Isso é muito importante, as pessoas vinculam o prazer a um resultado específico que nem sempre acontece. Aprender a olhar as situações através de uma grande angular é importante!
 
Nos relacionamentos afetivo-sexuais essa questão se faz presente com bastante frequência. Uma grande frustração vivida por parceiras é, por exemplo, a de um homem com dificuldade em ter controle ejaculatório, pois muitas vezes ela começou a viver uma excitação e o parceiro 'já foi'; e muitos não se preocupam nem em tratar essa disfunção sexual e nem em colaborar com o prazer da parceira.  A recorrência dessa frustração acaba desestimulando a parceira a ter vontade de entrar num jogo de sedução, pois ela sabe que a chance de ter prazer é reduzida.  

O mesmo ocorre quando há dificuldade de ereção ou de manter a ereção na relação, nesses casos o próprio parceiro acaba evitando a intimidade com receio de se frustrar e frustra a parceira. Um pouco diferente quando falamos da dificuldade de atingir o orgasmo (anorgasmia) que mulheres (estima-se que perto de 25%das mulheres brasileiras tenham essa dificuldade segundo pesquisas da Sbrash (Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana) e do Prosex/USP.

Para muitas pessoas com anorgasmia, a não finalização do ato sexual com o orgasmo, pode ser uma fonte de frustração, mas não tira dessas pessoas o interesse e o prazer em viver o intercurso sexual, a sedução, os toques, o prazer da troca, das posições e da excitabilidade vivida nessa experiência. As pessoas que vivem essa disponibilidade para a vivência sexual apresentam mais facilidade em descobrir prazer e em não desenvolver comportamentos de evitação ou preguiça frente às oportunidades sexuais.
 
Todas as vezes que colocamos foco na dificuldade e na frustração aumentamos nossa aversão e 'preguiça' a tentar buscar a resolução dessas dificuldades, sejam elas de relacionamento pessoal, familiar, profissional, sexual.  Mudar a atitude é bastante necessário, estar disponível para novas experiências, acreditar e buscar novas oportunidades, vivências ou tratamentos fará toda diferença.

Mudar a postura frente às situações, buscar alternativas e acreditar em vivências positivas pode ser um estímulo para fazer acontecer novas oportunidades com novos resultados e menos frustrações.