por Samanta Obadia
A idade é sempre um movimento crítico para o ser humano. Se ainda é criança, quer crescer para ser adulto; se é adolescente, quer ter maioridade para agir por conta própria; se é adulto, quer se aposentar para descansar; e se é idoso, deseja a juventude num retorno nostálgico.
É raro ouvir que alguém esteja satisfeito com sua idade, que acolhe com alegria o tempo que acumulou ao longo de anos.
Será que realmente o problema está nas idades ou toda idade carrega o seu problema?
Com um pouco de observação, podemos concluir que o desejo humano pela juventude não permite o conforto do tempo vivido. E esta imensa insatisfação permeia o tempo, reforçando a nossa indesejada finitude.
E o que fazer, quando os meios de comunicação, repletos de suas propagandas de produtos, nos bombardeia com vendas de juventude a cada segundo?
Difícil resistir a tantas tentações, aos corpos sedutores e às pílulas milagrosas.
Consumo, consumo, consumo: de ideias, de imagens, de miragens.
E nessa confusão, saímos vazios de experiências afetivas, de trocas de ideias, de sentidos e de vida.
A idade traz experiência, sabedoria e uma visão profunda que só o tempo e o desgaste físico atingem. A dor, a permanência, a diversidade, são riquezas imensuráveis que nos lapidam através de marcas suaves e profundas, que nos tornam únicos, com sentimentos particulares, que quando transmissíveis, são valiosos.