por Aurea Caetano
Falamos sobre a importância da empatia nos relacionamentos humanos, e em especial, na psicoterapia. Para que um trabalho profundo possa funcionar, é importante que ambos os parceiros – terapeuta e paciente – possam se relacionar de forma empática.
Mario Jacobi 1 diz: “A prática da psicoterapia junguiana consiste no encontro entre duas pessoas com a finalidade de tentar entender o que está ocorrendo no inconsciente de uma delas”. Acentua dessa forma a importância do encontro, e ao mesmo tempo, a responsabilidade do psicoterapeuta. Afinal, é ele o sujeito que, em sua totalidade, com sua formação, prática e teórica, vai se colocar a serviço do paciente que o procurou em busca de ajuda para suas inquietações.
A questão do encontro é fundamental, o terapeuta assim como o paciente “sofre” transformações nesse processo e tem também sua personalidade modificada a partir dele.
Como disse Jung “Influir é sinônimo de ser afetado”, ele acentuava essa ideia mostrando que “o encontro de duas personalidades é como a mistura de duas substâncias químicas diferentes: no caso de se dar uma reação ambas se transformam” 2. E, se não houver reação, não há transformação.
A ideia de um terapeuta asséptico, sentado em sua poltrona, ouvindo impávido, com isenção, sem emoção o que o paciente lhe conta é completamente falsa. Nosso trabalho, do lado de cá do espaço terapêutico, é também reconhecer como, quando e onde sou tocado em minha personalidade, em minha inteireza e disso fazer uso para o desenvolvimento do processo com aquele paciente particular.
E, apesar de minhas especificidades, de minha individualidade, a cada encontro e com cada paciente sou sempre o mesmo e também diferente. A atenção dirigida à experiência única que ocorre entre terapeuta e paciente é crucial para o entendimento dos padrões subjacentes nas mentes dos pacientes, que estruturam a personalidade e afetam a compreensão dos seus relacionamentos.
Os processos de padrões são fundamentais para o modo no qual nós usamos o passado para nos ajudar a integrar novas experiências e a predizer a experiência futura.
O terapeuta atento vive e percebe os padrões que surgem em seu relacionamento com aquele paciente e então ao longo do processo terapêutico, pode junto com ele, examinar esses padrões recorrentes. Esses padrões já se estabelecem desde o primeiro momento do encontro, ao falar ao telefone marcando a primeira sessão, nos momentos da sala de espera, nas primeiras entrevistas.
Através desse exercício, podem-se explicitar formas e modelos subjacentes ao funcionamento daquela personalidade, ampliando seu conhecimento acerca de si mesmo, facilitando o caminho em direção à solução de suas questões.
1.Jacobi, M. “O encontro analítico”; Ed. Vozes
2.Jung, C. G. OC Vol 16, par. 163