por Antônio Carlos Amador
Não é muito fácil conhecermos a nós mesmos. Talvez seja essa a busca fundamental para conseguirmos alguma estabilidade emocional e que pressupõe conhecermos nossas limitações, nosso temperamento, nossas tendências principais, interesses, motivações e sentimentos.
Na verdade isso é muito mais uma aspiração, pois ao longo de toda a vida, tentamos conhecer-nos melhor, mas nunca chegamos a um conhecimento total.
Sempre que pensamos que já nos conhecemos, surgem elementos novos, que ainda são desconhecidos. Sempre que pensamos que sabemos todas as respostas, as perguntas mudam.
Não obstante podemos aproximar-nos gradativamente de nós mesmos, seja focalizando nosso interior, observando e analisando, seja considerando a realidade externa, nosso comportamento, o que os outros opinam sobre nós.
Necessidade de autoconhecimento
Uma situação frequente pode ilustrar a necessidade de autoconhecimento. Muitas vezes ouvimos alguém dizer: “Eu teria feito isso, mas algo dentro de mim me impediu de fazê-lo”, ou então “Eu sabia que não deveria fazê-lo, mas não pude me controlar.” Dois comportamentos opostos: o primeiro motivado pela repressão excessiva e o segundo devido à perda de autocontrole.
Cada pessoa, dependendo do momento, da situação e das circunstâncias, adota uma postura, que deveria ser aquela que crê mais adequada e conveniente de acordo com seus próprios desejos e convicções.
Preocupar em excesso com opinião alheia impede ações coerentes aos desejos
Quando nos preocupamos demasiadamente com as opiniões alheias, tendemos a não fazer o que desejávamos, queríamos ou devíamos fazer. Os exemplos são claros e vão desde não manifestar uma opinião porque “por educação” não se deve contradizer o que outras pessoas (mais respeitáveis) disseram, até vestir-se de uma forma diferente do que nos agrada, ou impedir a expressão espontânea de afetos. Fazendo um ligeiro exercício de memória, podemos descobrir inúmeras situações nas quais nos reprimimos e não deveríamos tê-lo feito.
Reagir por impulso pode ser prejudicial
O outro extremo é igualmente prejudicial, quando perdemos o controle e reagimos impulsivamente. Nessas ocasiões deixamos de avaliar a situação e perdemos a liberdade, deixando que os acontecimentos corram por si, de forma autônoma, com resultados que não desejávamos e que poderão nos prejudicar.
Qual é o ponto médio?
Como ocorre na afinação de um violão: se apertar demais a corda arrebenta e se deixar frouxa não afina. Controlar-se sem reprimir-se, este deve ser o objetivo. O ponto de partida é o conhecimento de nós mesmos e a aceitação da própria realidade, do que somos, do ambiente em que vivemos e das circunstâncias que o rodeiam. A partir daí, poderemos estabelecer uma conduta mais coerente.