Quando perdemos alguém que amamos

Ao perder alguém que amamos, vivenciamos o processo de luto que ocorre em 5 fases: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Elas não ocorrem necessariamente nessa ordem e você tende a ficar indo e vindo intercalando-as.

Vou começar com uma construção linda sobre perdas que, certa vez, o Padre Fábio de Melo nos ensinou: “a morte nos afasta materialmente das pessoas que amamos, mas não nos priva de seguir com elas. Depois que deixam de estar ao nosso lado, elas passam a morar dentro de nós”.

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E é assim mesmo que o percurso da morte acontece dentro da gente. Elas passam a “viver” e a fazer morada dentro de nós.

Numa época de tantas perdas e lutos vividos, num tempo difícil para falarmos sobre mortes, muitos se identificarão com estas palavras.

É justamente nesses momentos mais difíceis de assimilarmos que parece faltar energia para seguirmos, e o futuro fica com uma visão turva e sem cor. Perdemos os sonhos e paralisamos a vida por vezes.

Quando perdemos alguém que amamos

Mas vamos às orientações: viva um dia de cada vez respeitando o seu tempo. O luto é de cada um. A sua dor é única. A sua dor é imensa. E é sua. Expresse-a quando sentir vontade. Chore. Silencie. Grite. Sorria quando lembrar de algo bom vivido. Permita-se oscilar. Você não será bipolar por isso.

As cinco fases do processo de luto

Para você aprender a identificar melhor onde está a sua dor, a médica e grande estudiosa sobre o assunto de luto e perdas, a psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross, desenvolveu 5 (cinco) fases para a morte: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação.

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Não necessariamente todos vivenciam nessa ordem. Assim, podem oscilar nesse processamento psíquico indo e voltando nessas cinco fases.

Lembre-se que o processo de viver o luto é necessário e fundamental para que a pessoa possa, aos poucos, ir preenchendo o vazio que ficou. Desse modo a pessoa elabora essa perda e ressignifica as emoções de dor até gerar uma saudade saudável.

Finalizo lembrando o querido escritor Fabrício Carpinejar que magistralmente ressoa numa frase: “Quando você ama, sempre dá um jeito de mencionar o nome da pessoa em qualquer conversa. A saudade é espalhafatosa”.

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Ou seja, fale sobre quem você ama, converse, libere-se, permita-se viver a dor e o amor ao mesmo tempo.

Quem morre, morre para este mundo de criaturas e vai viver no mundo do Criador como Santo Agostinho nos ensinou e rezou.

Texto em memória de uma querida estudante de medicina e paciente que se foi, mas ficou nas nossas lembranças. (Elizabeth de Oliveira Teotônio – * 08/01/1990 + 25/07/2021)

Psicóloga Clínica Cognitivo-Comportamental; Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde - UFP - Universidade Fernando Pessoa em Portugal. Defendeu a sua dissertação com excelência e nota máxima sobre: “A interferência das redes sociais nos relacionamentos”. Especialista em Psicologia da Saúde, Desenvolvimento e Hospitalização – UFRN; Especialista pela Faculdade de Medicina do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP – SP. Foi professora da Pós-graduação em Psicologia – Terapia Cognitivo-Comportamental (Unipê). Há 20 anos atendendo na clínica a adolescentes, adultos, casais e famílias. Membro da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas - FBTC. Mantém o Blog próprio desde 2008. Mais informações: www.karinasimoes.com.br. Atendimentos com consultas presenciais ou online