por Renato Miranda
Em nosso último texto (clique aqui), tratamos sobre a problemática da participação de jovens no esporte competitivo e como os profissionais poderiam agir para que a atividade esportiva seja uma experiência rica e construtiva na formação dos jovens. Como reflexão, propus diretrizes para o comportamento e ações e avaliação para pensarmos sobre possíveis fatos da atualidade. Nesta segunda parte, complemento outras diretrizes e avaliações para a competição infanto-juvenil.
i) Provocar diversidade de estímulos competitivos
Jovens iniciantes em alguma modalidade esportiva e que se submetem aos treinamentos quase sempre diários, podem ter seu potencial esportivo facilitado quando se oportuniza diversificar suas funções no treinamento e competições. Por exemplo, um iniciante em futebol poderia atuar em diferentes posições e/ou desempenhar outras funções. Ou ainda modificar os ritmos de competições, como torneios de futebol com vários jogos de curta direção em um mesmo dia.
Avaliação: É possível adaptar diferentes competições e atuações individuais para jovens atletas, ou é de fato necessário reproduzir aquilo que atletas adultos fazem?
j) Vivenciar a competição como divertimento
Educar jovens atletas para a vida esportiva é prepará-los pacientemente a compreenderem que o esporte existe para fazer bem a alma das pessoas e, portanto, é uma atividade para divertir. Ao encarar a competição como algo divertido, os jovens terão oportunidade de usufruir o que há de melhor no movimento: ritmo, tensão, entusiasmo, ordem e mudança.
Avaliação: No ambiente competitivo de jovens é vivenciado o divertimento ou a tensão natural da competição é exacerbada por meio dos adultos, gerando ansiedade?
k) Criar o hábito da competição
Quanto mais o jovem competir em um ambiente favorável ao divertimento a tensão natural das disputas será elemento fundamental para seu amadurecimento emocional e sua harmonização perante o esporte e seus desafios. Segundo o filósofo Joham Huizinga, a tensão vivida por meio da competição é a própria magia do jogo, plena das duas qualidades mais nobres que o homem é capaz de perceber: o ritmo e a harmonia.
Avaliação: Os problemas de ordem psicofísica (ex. angústias e lesões) na competição esportiva são de fato oriundos da competição ou daqueles (todos os adultos participantes) envolvidos na liderança da competição juvenil?
l) Promover a participação de todos os atletas
No esporte para jovens em formação, independentemente da importância que se dá a vitória, é fundamental oportunizar a participação de todos nas competições. Garantir boas condições de aprendizagens e treinamentos e consequentemente rendimentos compatíveis é fundamental para que em condições normais, todos participem do processo competitivo.
Avaliação: Embora alguns esportes tenham regras que dificultem a participação de todos (ex.: futebol) é possível adaptar e promover a participação competitiva plena?
m) Incentivar a autosuperação e a autorealização
O esporte competitivo cria um dos ambientes mais favoráveis para que jovens vivenciem a percepção de auto-superação e autorrealização. Para tanto, é fundamental o aprendizado para definir limites próprios a fim de buscar constantemente o aprimoramento e a avaliação de seu desempenho considerando as metas pessoais.
Avaliação: Os esforços empregados nos treinamentos e competições pelos jovens atletas são coerentes com suas capacidades psicofísicas e suas metas pessoais e, portanto, têm consequências positivas?
Essas diretrizes não são panaceias para as demandas do esporte competitivo e suas consequências. No entanto, podem ser um caminho inicial para que possamos auxiliar jovens a conviverem melhor com as competições e os demais desafios do esporte.