por Patricia Gebrim
Neste fim de semana uma amiga comentou comigo sobre uma frase que leu em algum lugar, algo mais ou menos assim:
– Não devemos nos preocupar tanto com "que planeta vamos deixar aos nossos filhos", e sim com "que filhos vamos deixar para este planeta". Fiquei com esse questionamento em mente e isso me fez pensar muito.
– Que filhos vamos deixar para este planeta? Serão eles capazes de cuidar? De amar? Saberão eles quem de verdade são? Terão eles valores que favorecerão à vida? Saberão cooperar? Ou serão egoístas, destrutivos, autocentrados, competitivos?
Nós, os pais, temos em nossas mãos uma tarefa imensa e nobre, talvez uma das tarefas mais belas e desafiadoras que um ser pode receber. A tarefa de dar o nosso melhor no sentido de proporcionar filhos saudáveis para este nossa planeta que já anda tão sofrido. Não é tarefa fácil. Requer uma boa dose de consciência, persistência, comprometimento, paciência e muito, muito amor.
Aos pais cabe, em primeiro lugar, a tarefa de envolver seus filhos em dois mantos, sem os quais uma base saudável não se pode formar. O manto do amor e o manto da responsabilidade.
Envolver os filhos no manto do amor significa, antes de mais nada, reconhecer e respeitar sua existência. Nossos filhos não são bonecos de argila à espera de ser moldados. São seres únicos, feitos da mais pura luz, chegando a este planeta com a mais bela das tarefas, a de compartilhar essa luz que são. Cabe aos pais reconhecer e viabilizar a existência dessa luz, e não apagá-la! Isso exige respeito, exige que nós, pais, sejamos capazes de verdadeiramente ouvir nossos filhos, nos interessar por eles, ajudá-los a acreditar em si mesmos. Podemos ajudar nisso colocando-os em contato com a natureza, tendo conversas respeitosas, onde a opinião da criança tenha espaço para ser verdadeiramente considerada.
As crianças têm uma sabedoria imensa, e podemos estimular que a expressem e manifestem em seu dia a dia. Ao fazer isso, favorecemos que a criança tenha uma visão positiva de si mesma, fortalecemos a autoestima, que é base para ações saudáveis no futuro. E mais, honramos a sua existência enquanto um ser único que tem algo precioso a ser compartilhado. Se acreditamos nisso, ajudamos nossos filhos a acreditarem também, e esse é um dos presentes mais belos que lhes podemos dar.
O manto da responsabilidade é um manto protetor, embasado na premissa de que estamos aqui para viver em harmonia com nossos semelhantes e com a vida. Isso requer que sejamos capazes de pensar no todo, e não apenas em nós mesmos. Responsabilidade é escolher ações que sejam protetoras e benéficas à própria vida. Muitas vezes precisamos dizer não ao nosso pequeno ego para que a grandeza da alma possa se manifestar.
Cabe aos pais ensinar isso aos filhos. Ensiná-los que um "não" pode ser o sim para algo muito maior e melhor. Que um "não" nem sempre é uma tragédia! Que um "não" pode ser protetor e amoroso. Que precisamos fazer escolhas pensando no que é saudável, e não apenas no que queremos em determinado momento. Isso é ser responsável. Com nós mesmos, com os que amamos, e até com os que não amamos, pois são membros dessa família chamada humanidade, da qual todos fazemos parte.
O manto da responsabilidade ensina nossos filhos a respeitar até mesmo seus inimigos. Somos responsáveis por curar toda e qualquer distorção que se apresente em nossa vida. Se uma situação, seja qual for, veio a nós, é por que temos o poder de torná-la mais harmoniosa, acreditem! Ensinem isso a seus filhos e estarão fazendo um imenso bem, não só a eles, mas à toda a humanidade.
Ouçam. Nunca seremos pais perfeitos. Nossos filhos também nunca serão perfeitos. Mas podemos oferecer a eles o nosso melhor, na medida em que acreditemos em nós mesmos, na vida e na nossa capacidade de servi-la, colocando mais consciência em nossas ações.
Faça o seu melhor, envolva-se e não desista. Procure ser o melhor exemplo de amor e responsabilidade que for capaz. Saiba recomeçar após cada queda, cultive sua capacidade de rir de si mesmo. Não leve tudo tão a sério e acredite em seus filhos e na sua capacidade de escolherem o caminho da luz, sempre, mesmo quando tudo parecer perdido. Principalmente quando tudo parecer perdido… Ame.