Por Ângelo Medina
Semana passada, a jornalista Cilene Vítor, participando como comentarista no Jornal da Cultura, falou que a imparcialidade no jornalismo é uma mentira. Concordo com ela. Mas essa norma é necessária para, pelo menos, tentar preservar a veracidade das informações e não cometer injustiças com quem é notícia.
Por isso, o título deste post é dúbio e traz este tom. Mas no subtexto nas próximas linhas, fica desenhado, pintado e bordado quem pode ser esse Messias — João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus — que transita, para uns, no Reino dos Céus, e para outros, no Inferno de Dante. Ele é denunciado por assédio e abuso sexual, inclusive estupro, por mais de quinhetas mulheres, isso até fora do Brasil.
Relatos dividem o seu próprio núcleo familiar. Uma de suas filhas, Dalva Teixeira, chama o médium de “monstro” e conta que foi abusada por ele dos 10 aos 14 anos. Já Cynthia de Faria, outra das cinco filhas mulheres declarou ao Fantástico: “Ele está sendo uma vítima. Vocês estão fazendo um complô contra ele.” E essa mesma divisão se estende entre os moradores de Abadiânia (GO) e os fiéis frequentadores da Casa Dom Inácio Loyola, localizada nesta cidade, onde o médium realizava seus atendimentos. O médium, hoje preso, nega todas as acusações e diz ser inocente.
Mas os indícios são fortíssimos: são mais de quinhetas denúncias narradas com riqueza de detalhes e exatamente com o mesmo modus operandi.
As acusações são gravíssimas!!
Alguém se aproveitar da fragilidade psicoemocional de uma pessoa, doente ou em desespero, e usar dons mediúnicos, respaldado por uma posição ascendente, "iluminada" e de autoridade, para destruir a vida e a dignidade humana, através de abuso sexual, é inominável. Não sei se uma única palavra poderia traduzir um ato desses.
Mas uma verdade é incontestável: a constante mudança é eterna. E como cantava Gilberto Gil, há 30 anos, em seu álbum na faixa homônima “O Eterno Deus Mu Dança”:
O eterno deus
Mu dança! Talvez em paz Mu
dança! Talvez com sua lança
A mudança chegou…