por Roberto Goldkorn
Conheci um brasileiro nos EUA que faliu. Ele passava os dias em frente à TV pensando no que iria fazer da sua vida. Um dia viu a notícia de um sujeito indenizado por ter sido mordido pelo cachorro do vizinho. Na mesma hora teve um estalo. Passou uma semana planejando como seria mordido pelo cachorro bravo do vizinho. Conseguiu e deu “tudo certo”, ele recebeu 50 mil dólares e com esse dinheiro se recuperou.
Nos Estados Unidos existe um monstro frankenstein criado pela montagem perversa de uma mídia vampiresca, um judiciário viciado e uma opinião pública sedenta de sangue. Creio que deve ter sido isso que aconteceu com o Michael Jackson. Certamente ele foi alvo desse monstro.
Michael sofria de uma ingenuidade patológica, uma espécie de regressão emocional, um alvo fácil para esse monstro devorador da criança que ele se tornava frequentemente. Mas não foi o único, na verdade esse “monstro” não se especializa em criancinhas mesmo crescidas, todo famoso e poderoso serve. Farah Fawcet que também se foi, passou pelos mesmos perrengues com o “monstro” que não a poupou nem mesmo em sua doença terminal. E ainda comentam que Michael não tinha motivos para estar triste ou infeliz. Outros queridos do “público” também foram devorados pela abominação social: John Lennon, Marilyn Monroe, Lady Dy e tantos outros.
O outro braço do monstrengo são as manifestações de pesar midiáticas. A câmera se aproxima e uma mulher estende um cartaz onde se lê I LOVE YOU MICHAEL, I WILL NEVER FORGET YOU, como se ele estivesse do outro lado da lente sentado num sofá e sorrindo complacente. Tudo é show, tudo é frenesi para aparecer, não se chora o ídolo no particular, nem pensar em derramar lágrimas furtivas quando as câmeras estão ausentes. No país do show business qualquer dor famosa serve para vender, comprar, e quem sabe até para se tornar o famoso da vez. Triste Michael deve estar perguntando onde estavam essas multidões quando foi acusado (talvez injustamente) de molestar as criancinhas que tanto gostava de ter por perto? Por que não ouviu o clamor público quando foi morto tantas vezes pela imprensa e pelos advogados sedentos do “sangue verde” que tinha a infelicidade de possuir em abundância?
A polícia agora está empenhada em saber quem matou Michael Jackson. Não gastem mais um centavo do contribuinte americano rapazes: quem matou o astro black and white foi o “monstro” sanguinolento que vocês mesmos criaram e que alimentam a cada dia com o seu mórbido e esquizofrênico desejo de devorar aqueles a quem amam e admiram. Prendam todos os policiais! Prendam os jornalistas de tablóides, os milhares de “fãs” que consomem esses jornais pútridos, os paparazzis que infernizam a vida dos famosos como carrapatos, os advogados vampiros que não perdem uma oportunidade de usar o sistema de forma perversa. Prendam todos os sanguessugas sem talento que não perdoam a genialidade, porque suas vidas são tristes e medíocres, e por isso alimentam o “monstro”. Os verdadeiros admiradores do Michael devem se alegrar, ele está melhor agora. Longe do alcance do Frankenstein sanguinolento ele deve estar fazendo uma coisa que sempre quis: Caminhando na Lua cercado pelas crianças esquecidas e agora felizes pelo coleguinha que acaba de chegar.