Quiet quitting: quando o seu par empurra a relação com a barriga…

Saiba como lidar com o quite quitting, na tradução livre, demissão silenciosa. Ou seja, seu par amoroso ou namorado(a) não tem coragem de assumir um suposto desejo de terminar e começa a empurrar a relação com a barriga numa vibe de “não tô nem aí”, que pode acabar em um interminável jogo de empurra-empurra com muita insatisfação…

E-mail enviado por uma leitora:

“Eu amo meu namorado… Mas de algumas semanas para cá, ele mudou seu comportamento… ele não fala em terminar o relacionamento, mas faz coisas que me aborrecem demais, ficou mais difícil sairmos no sábado; ele quer ir na balada com os amigos, demora a responder mensagens no WhatsApp. Enfim, ele parece estar empurrando o relacionamento com a barriga, mas quando pergunto se ele quer terminar ele diz que estou encanada. Vi na internet que tem um termo chamado “quiet quitting” (‘demissão silenciosa’, na tradução livre), usado no ambiente de trabalho quando a pessoa relaxa no serviço para ser demitida. Parece que o meu namorado faz exatamente isso com o nosso namoro. O que faço hein? Por favor, me ajuda… Obrigada! Obrigada!”

Resposta: Quando percebemos a mudança de padrões de relacionamento antes de saber se o outro quer cair fora ou não, você deve tentar pensar se você aceita viver a relação com essas “novas regras”. Isso pode ser ou não passageiro. Então repito, é importante refletir.

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O que acontece muitas vezes, com “empurrar com a barriga”, é deixar a responsabilidade total na mão do outro sobre o futuro. Até porque quando empurramos com a barriga, normalmente temos ganhos secundários, vou usar o mesmo exemplo que você deu e correlacionar com relacionamento amoroso.

– Eu não quero mais trabalhar aqui, mas eu vou ficar por enquanto, vou chegar atrasado, deixar cair a qualidade do meu trabalho, até que me mandem embora.

Eu não vou terminar a relação, mesmo sabendo que ela já não me causa mais frio na barriga, mas vou continuar e ver no que vai dar; por enquanto vou fazendo outras coisas, e se não tiver bom para o outro, ele(a) que termine.

– Eu até gosto dessa empresa, mas não supre todas as minhas necessidades financeiras.

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– Eu gosto da minha namorada, mas sinceramente, eu gosto de sair mais com meus amigos de sábado do que marcar compromissos com ela. (poderia ser qualquer outro dia da semana).

Quite quitting: as consequências de empurrar a relação com a barriga

O que quero dizer, é que empurrar com a barriga é ficar ambivalente dentro de uma situação, hora eu tô e hora eu não tô, e se não tiver bom para o outro, ele que termine, assim não preciso assumir a responsabilidade do término.

Empurrar com a barriga é ruim para quem fica com o papel de assumir toda a responsabilidade, quando para o outro está confortável. E se está confortável, para que mudar? Por isso falei, já que a responsabilidade está com você ou o incômodo parte de você, é importante você refletir sobre o que você pretende.

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Se você não averiguar isso, você pode acabar também empurrando com a barriga, por exemplo:

– Eu gosto tanto dele, vou esperar ele reconhecer o que eu falo e assim a relação volta a ser o que era.

Vira um jogo de empurra-empurra barriga interminável. É assim que relações se arrastam por anos, e não são satisfatórias para ambos os lados. E quando o casal percebe, já passou tanto tempo, que é melhor nem separar, é melhor continuar empurrando. E assim vai por anos e anos. Na maioria das vezes, o amor é apenas um pilar da relação; se não tiver outros pilares, a relação entra em crise, porque não dá para sustentar uma casa apenas com um pilar, não é verdade?

Espero ter ajudado.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Psicóloga Clínica, Psicodramatista pela Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS), cursando nível II e III na Sociedade Paulista de Psicodrama e Sociodrama (SOPSP) e Terapia de Casal no Instituto J L Moreno. Pesquisadora no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas FMUSP no PRO AMITI no setor de Amor Patológico e Ciúme Excessivo. Vice-presidenta da Associação Viver Bem