Reconciliação após traição é comum

por Karina Simões

“Perdoar só da boca para fora não traz resultados, há de se percorrer um caminho de autossuperação”

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É comum ouvir em consultório o aparecimento de crises conjugais em virtude de traição seguida de reconciliação. O casal decide retomar a vida a dois depois de uma infidelidade e a companheira traída sente dificuldade de conviver e relacionar-se com o seu companheiro.

Minhas pacientes afirmam que são constantemente atormentadas com pensamentos que remontam aos possíveis atos de infidelidade.

Afinal, é possível superar uma traição?

Para a resolução desse conflito é necessário que exista um processo (ou rito) onde não seja negada a dor quando ela ainda lateja no coração de quem sente. A aceitação ocorrerá quando existir o respeito às realidades interiores com consideração às frustrações e decepções da vida. Inclusive, com o respeito da construção de uma nova imagem. Explico em seguida.

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Caminhos para a autossuperação:

1º) Para perdoar, precisa ter uma razão e disposição para se chegar a esse objetivo.

2º) Entender que na possibilidade da continuidade da relação, serão duas novas pessoas, ou seja, uma nova imagem deverá ser formada do parceiro.

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3º) Falar no assunto terapeuticamente, ou seja, conversar sobre o que atormenta com um psicólogo(a).

4º) Aprender a lidar com os sentimentos que surgem após a traição: tristeza, raiva e medo.

Como lidar com a tristeza?

Durante a fase de tristeza, a maior preocupação é de que a pessoa traída não perdure tanto nessa fase, a ponto de se tornar refém do sentimento podendo se estabelecer um possível quadro depressivo.

Como lidar com a raiva?

Na raiva, o mais importante a ser ressaltado é tentar compreender que o desejo de vingança que surge nessa hora, jamais compensará e muito menos ajudará a minimizar a dor. Pelo contrário, muito provavelmente a vingança e o desejo de igualar-se ao traidor, traindo também, leva muitas vezes a mulher a um processo de culpa. E assim, cria-se um círculo vicioso não saudável para ambos.

Como lidar com o medo?

O medo pode se fazer presente de várias formas. Aparece em forma de dificuldade em voltar a confiar na relação, ou também, estabelecendo um medo de ficar sozinho e não encontrar mais nenhum parceiro futuro.

Perdão

O perdão é um caminho a ser percorrido que faz transformar a dor em cicatriz. As lembranças, costumo dizer aos meus pacientes, vão continuar, mas as dores cessarão. Porque perdoar é lembrar sem doer! Cicatriz não dói mais!

Escrevi este artigo lembrando-me das mulheres que me procuram e pedem ajuda. No entanto, meus aconselhamentos valem também para o homem traído na relação.