por Ceres Araujo
A resiliência é a capacidade humana de superar situações difíceis da vida, de superar adversidades e de ser fortalecido por elas. É um potencial humano independente da cultura e do tempo. Em função dessa capacidade, o individuo pode transformar as dificuldades em desafios e buscar meios novos para enfrentá-los, continuando seu processo de desenvolvimento de forma adaptada.
A avaliação de resiliência se baseia no conceito de que esta reflete o grau no qual os recursos pessoais de um indivíduo igualam ou excedem sua reatividade a estressores internos e externos.
Na sociedade contemporânea, o principal desafio para a pessoa na vida adulta, é exercer várias atividades ao mesmo tempo, equilibrar as demandas do trabalho e da família, gerenciar informações e se manter consciente das próprias necessidades e emoções em meio às inúmeras demandas.
Entre os fatores de risco na vida adulta, pode-se citar em geral: estresse crônico, doença crônica, doença crônica dos pais ou dos filhos, morte de familiares, separação e litígios, abuso e violência, dependência química e discriminação e exclusão social.
Especificamente, nas condições de trabalho, pode-se enumerar como fatores de risco: perda do emprego (também as fantasias sobre a perda do emprego), mudança de empresa, mudança de área de trabalho, não atingimento de metas, inserção em nova equipe de trabalho e dificuldade de relacionamento com colegas de trabalho. Finalmente, nas relações interpessoais, pode-se citar como fatores de risco: dificuldades na relação conjugal, no relacionamento com filhos e na relação consigo mesmo, vivência de culpas indevidas, solidão, falta de sonhos e falta de sentido na vida.
Existe um conceito implícito que afirma que quanto mais a vida de uma pessoa é dura, mais chance ela terá de sofrer de depressão. E quanto mais a vida é dura, mais difícil será vivê-la e mais sofrimento e tristeza podem surgir. Porém, é necessário lembrar que tais estados emocionais não são sinais de depressão. Qualquer adversidade determina uma perturbação no equilíbrio intrapsíquico. O uso excessivo de mecanismos de defesa pode aumentar o grau de resistência da pessoa, porém, esse uso pode também acarretar a estagnação do desenvolvimento, impedindo a flexibilidade, a adaptabilidade e a criatividade. Mas, quando se encontra um sentido para adversidade e ainda se acredita que se é capaz de mudar a vida, tem-se um aumento do grau de resiliência.
Pode-se perguntar o que prepara a pessoa na vida adulta para transformar adversidades em desafios e, então, enfrentá-los. A nutrição emocional precoce que permitiu o apego seguro é uma condição primária que, aliada à construção de uma boa autoestima e ao ganho de competências ao longo da vida, favorece o enfrentamento resiliente.
Os fatores para um enfrentamento resiliente são:
– boa saúde;
– bom nível de atividade física e mental;
– funcionalidade, otimismo, flexibilidade, autoestima elevada;
– competência amorosa, afetos positivos;
– boas relações interpessoais;
– propósito de vida, senso de significado e religiosidade/espiritualidade.
Aliado a esse enfrentamento resiliente, existe um conceito chamado robustez usado para descrever um padrão de características de personalidade que distingue as pessoas que permanecem saudáveis sob os estresses da vida, comparadas com aquelas que desenvolvem problemas de saúde. Robustez é um fator importante de resiliência. Ela é caracterizada por uma combinação de três atitudes: envolvimento, controle e aceitação de desafio, que juntas dão a coragem e a motivação necessárias para transformar circunstâncias estressoras em oportunidades para crescimento pessoal. Esse estilo de funcionamento determina como o adulto se percebe e como interage com o mundo.