por Samanta Obadia
A sociedade capitalista consumista lança, a cada minuto, uma novidade. São novas formas de perder peso, de enriquecer, de educar os filhos, de se relacionar com o cônjuge, de entender o chefe, de ser feliz.
O ser humano, com sua ansiedade e insatisfação naturais, cria, junto à sociedade de consumo, a necessidade de inovar. Se isso acontecesse como movimento de saída do tédio, seria produtivo. Todavia, isso ocorre antes mesmo da assimilação do que foi lançado no instante anterior.
A ansiedade tornou-se um sentimento constante, pois ela permeia, não somente a criação, como também se coloca no tempo em que não temos para apreendê-la.
A invasão desmedida de objetos novos extrapolou a nossa capacidade de consumo. Não digo apenas a potência financeira, mas o dinamismo inteiro que esse produz. Sabemos que é preciso adquirir o produto e usufruí-lo. Contudo, tendo como objetivo único o lucro, as novidades se sobrepõem, enlouquecendo os consumidores, que sempre estão em atraso.
Mudam os celulares, os programas de computadores, os métodos de ensino, os cortes de cabelo, os amores, os pacotes de biscoitos. E a velocidade dessa mudança é tão grande que não damos conta do que tempo que nos leva. O que importa é consumir ou, pelo menos, acompanhar o que está sendo consumido.
Nesta louca vida nos consumimos, nos enganamos e nos perdemos. Mascaramos-nos numa realidade diversa e alheia ao que se passa em nosso interior, em nossa alma, evitando a passagem do tempo físico, consumindo nosso tempo emocional.
Perdemo-nos tanto em observar as novidades, em buscar a juventude eterna, que esquecemo-nos de viver o presente, de curtir o que temos em mão, de descobrir o novo no que já é em nós ou conosco.
A hora tem de ser a do agora, porque senão já passou.